RESUMO
As aves silvestres têm grande destaque na transmissão de doenças ao homem, principalmente pela facilidade de acesso à população humana, levantando preocupações sobre o potencial impacto dessa proximidade no contexto da saúde pública. O presente estudo relata a ocorrência de ARV e PBV em aves silvestres de uma área de proteção ambiental no bioma Amazônico. Obtivemos 155 espécimes fecais de 47 espécies de aves silvestres, que foram submetidos a extração de RNA, detecção de ARV e PBV por técnicas moleculares, sequenciamento nucleotídico e análise filogenética. A prevalência de infecção por ARV foi 0,6% (1/155), sendo positivo em um indivíduo de Myrmotherula longipennis, e a prevalência de PBV foi 1,29% (2/155), afetando dois insdivíduos de Guira guira. A análise filogenética agrupou as cepas de PBV no genogrupo I, mostrando intensa relação filogenética com cepas isoladas de outras regiões geográficas. A cepa de ARV esteve mais relacionada filogeneticamente a cepas previamente circulantes na mesma região. Este é o primeiro estudo sobre detecção de ARV em aves silvestres no Brasil e o primeiro relato sobre a ocorrência de PBV em Guira guira. A circulação de ARV e PBV nesse ambiente demonstra que os ciclos desses agentes estão ocorrendo de forma natural no ecossistema silvestre, o que pode desencadear possíveis eventos de transmissão entre as espécies aviárias e humanos. Estudos adicionais são necessários para determinar a epidemiologia, origem, evolução e surgimento de novos vírus potencialmente patogênicos na Amazônia.
PALAVRAS-CHAVE:
virus entéricos; epidemiologia; RT-PCR; filogenia; Myrmotherula longipennis; Guira guira