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COLECISTITE AGUDA EM PACIENTES DE ALTO RISCO. TRATAMENTO CIRÚRGICO, RADIOLÓGICO OU ENDOSCÓPICO? POSICIONAMENTO DO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIA DIGESTIVA

RESUMO

A colecistite aguda (CA) é um processo inflamatório agudo da vesícula biliar que pode estar associado a complicações potencialmente graves, como empiema, gangrena, perfuração da vesícula biliar e sepse. O tratamento padrão para a CA é a colecistectomia laparoscópica. No entanto, para um pequeno grupo de pacientes com CA, o risco de colecistectomia laparoscópica pode ser muito alto, principalmente em idosos com doenças graves associadas. Nestes pacientes críticos, a colecistectomia percutânea ou a drenagem endoscópica da vesícula biliar guiada por ultrassom podem ser uma opção terapêutica temporária, como ponte para a colecistectomia. O objetivo deste artigo de posicionamento do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva é apresentar novos avanços no tratamento da CA em pacientes cirúrgicos de alto risco, para auxiliar cirurgiões, endoscopistas e clínicos a selecionar o melhor tratamento para os seus pacientes. A eficácia, segurança, vantagens, desvantagens e resultados de cada procedimento são discutidos. As principais conclusões são: a) Pacientes com CA e risco cirúrgico elevado devem ser tratados preferencialmente em hospitais terciários onde a experiência e os recursos cirúrgicos, radiológicos e endoscópicos estão disponíveis. b) A modalidade de tratamento ideal para pacientes com elevado risco cirúrgico, deve ser individualizada, com base nas condições clínicas e na experiência disponível. c) A colecistectomia laparoscópica continua sendo uma excelente opção de tratamento, principalmente em hospitais em que a drenagem da vesícula biliar percutânea ou endoscópica não está disponível. d) A colecistostomia percutânea e a drenagem endoscópica da vesícula biliar devem ser realizadas apenas em hospitais bem equipados e com radiologista intervencionista e/ou endoscopista experientes. e) O cateter de colecistostomia deve ser removido após a resolução da CA. No entanto, em pacientes que não têm condição clínica para realizar colecistectomia, o cateter pode ser mantido por um período prolongado ou mesmo definitivamente. f) Se o cateter de colecistostomia for mantido por longo período de tempo podem ocorrer várias complicações, como sangramento, fístula biliar, obstrução, dor no local de inserção, remoção acidental do cateter e CA recorrente. g) O tempo de espera ideal entre a colecistostomia e a colecistectomia ainda não foi estabelecido, e vai desde imediatamente após a melhoria clínica, até meses após. h) Longos períodos de espera entre colecistostomia e colecistectomia podem estar associados a novos episódios de CA, múltiplas readmissões hospitalares e aumento dos custos. Finalmente, ao selecionar a melhor opção de tratamento, outros aspectos também devem ser considerados, como custos, disponibilidade dos procedimentos no centro médico e o desejo do paciente. O paciente e sua família devem ser completamente informados sobre todas as opções de tratamento, para que possam ajudar a tomar a decisão final.

DESCRITORES:
Vesícula biliar; Colecistite aguda; Colecistectomia; Colecistostomia; Drenagem; Laparoscopia; Drenagem endoscópica

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