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Critical Care Science, Volume: 35, Número: 1, Publicado: 2023
  • Uso da ecocardiografia à beira do leito no cuidado do paciente grave - um documento conjunto de consenso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Associação Brasileira de Medicina de Emergência e Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar. Parte 1 - Competência em ecocardiografia à beira do leito Artigo Especial

    Pellegrini, José Augusto Santos; Mendes, Ciro Leite; Gottardo, Paulo César; Feitosa, Khalil; John, Josiane França; Oliveira, Ana Cláudia Tonelli de; Negri, Alexandre Jorge de Andrade; Grumann, Ana Burigo; Barros, Dalton de Souza; Negri, Fátima Elizabeth Fonseca de Oliveira; Macedo, Gérson Luiz de; Neves, Júlio Leal Bandeira; Rodrigues, Márcio da Silveira; Spagnól, Marcio Fernando; Ferez, Marcus Antonio; Chalhub, Ricardo Ávila; Cordioli, Ricardo Luiz

    Resumo em Português:

    RESUMO O emprego da ecocardiografia por médicos não ecocardiografistas tem se tornado comum em todo o mundo nos mais diversos ambientes em que se dá o cuidado do paciente agudamente doente. A avaliação ecocardiográfica realizada de forma point-of-care pode fornecer informações pertinentes em relação ao mecanismo das causas de choque, por exemplo, incrementando as taxas de diagnóstico correto e possibilitando a tomada de decisão fundamentada de forma mais rápida do que por meio dos métodos tradicionais de avaliação. Considerando que o diagnóstico preciso de situações ameaçadoras à vida é indispensável a profissionais atuando junto a pacientes agudamente enfermos, diversas entidades associativas internacionais recomendam que médicos responsáveis por pacientes gravemente doentes devam adquirir e desenvolver a habilidade para realizar exames ultrassonográficos à beira do leito, inclusive ecocardiográficos. Entretanto, não há consenso na literatura acerca de quais aplicações específicas devam compor o rol de habilidades do médico não ecocardiografista. Levando-se em consideração a multiplicidade de aplicações da ecocardiografia em diversos cenários relativos ao paciente agudamente enfermo; as diferenças nos protocolos publicados, tanto no que diz respeito à metodologia de ensino como de verificação de competências, bem como a heterogeneidade da formação entre as mais diversas especialidades responsáveis pelo seu cuidado em diferentes níveis, este documento de consenso teve o objetivo de refletir o posicionamento de representantes de sociedades médicas brasileiras afins acerca do tema, podendo, assim, servir de ponto de partida para a uniformização entre diferentes especialidades, bem como para a transmissão de conhecimento e a verificação das competências correspondentes.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT The use of echocardiography by physicians who are not echocardiographers has become common throughout the world across highly diverse settings where the care of acutely ill patients is provided. Echocardiographic evaluation performed in a point-of-care manner can provide relevant information regarding the mechanism of causes of shock, for example, increasing the rates of correct diagnosis and allowing for faster informed decision-making than through evaluation methods. Considering that the accurate diagnosis of life-threatening situations is essential for professionals working with acutely ill patients, several international associations recommend that physicians responsible for critically ill patients acquire and develop the ability to perform bedside ultrasound examinations, including echocardiographic examinations. However, there is no consensus in the literature regarding which specific applications should be included in the list of skills for nonechocardiographer physicians. Taking into account the multiplicity of applications of echocardiography in different scenarios related to acutely ill patients; the differences in the published protocols, with regard to both the teaching methodology and competence verification; and the heterogeneity of training among highly diverse specialties responsible for their care at different levels, this consensus document aimed to reflect the position of representatives of related Brazilian medical societies on the subject and may thus serve as a starting point both for standardization among different specialties and for the transmission of knowledge and verification of the corresponding competencies.
  • Alto versus baixo alvo de pressão arterial média em pacientes submetidos a transplante hepático. Um estudo clínico aberto, controlado, unicêntrico e randomizado -Protocolo e métodos (LIVER-PAM) Artigo Especial

    Pedro, Rodolpho Augusto de Moura; Scharranch, Bruna Carla; Araújo, Lucas de Oliveira; Brandão, Luciana Severo; Andrade, Lúcia da Conceição; Andraus, Wellington; D’Albuquerque, Luís Augusto Carneiro; Malbouisson, Luíz Marcelo Sá

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Explicitar o racional e o protocolo de métodos e análises a serem utilizadas no ensaio clínico randomizado LIVER-PAM, que busca entender se um nível mais alto de pressão arterial média é capaz de reduzir a incidência de disfunção renal no pós-operatório de transplante hepático. Métodos: O LIVER-PAM é um estudo clínico randomizado, controlado, unicêntrico e aberto. Pacientes randomizados para o grupo intervenção terão como alvo de pressão arterial média 85 - 90mmHg nas 24 horas iniciais do manejo pós-operatório, enquanto pacientes do grupo controle terão como alvo de pressão arterial média 65 - 70mmHg no mesmo período. Uma amostra de 174 pacientes será necessária para demonstrar redução de 20% na incidência absoluta de disfunção renal, com poder de 80% e alfa de 0,05. Conclusão: Se a redução de 20% da incidência absoluta de disfunção renal no pós-operatório de transplante hepático for obtida com alvos maiores de pressão arterial média nas primeiras 24 horas, o manejo do paciente nesse cenário encontraria uma terapia barata e simples para a melhoria dos desfechos atuais. Registro Cliniclatrials.gov: NCT05068713

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To explain the rationale and protocol of the methods and analyses to be used in the LIVER-PAM randomized clinical trial, which seeks to understand whether a higher mean arterial pressure is capable of reducing the incidence of renal dysfunction postoperatively after liver transplantation. Methods: LIVER-PAM is an open-label, randomized, controlled, singlecenter clinical trial. Patients randomized to the intervention group will have a mean arterial pressure of 85 - 90mmHg in the initial 24 hours of postoperative management, while patients in the control group will have a mean arterial pressure of 65 - 70mmHg in the same period. A sample of 174 patients will be required to demonstrate a 20% reduction in the absolute incidence of renal dysfunction, with a power of 80% and an alpha of 0.05. Conclusion: If a 20% reduction in the absolute incidence of renal dysfunction in the postoperative period of liver transplantation is achieved with higher target mean arterial pressure in the first 24 hours, this would represent an inexpensive and simple therapy for improving current outcomes in the management of liver transplant patients. ClinicalTrials.gov Registry: NCT05068713
  • Fatores associados à mortalidade em pacientes ventilados mecanicamente com síndrome respiratória aguda grave por evolução da COVID-19 Artigo Original

    Oliveira, João Paulo Arruda de; Costa, Andreia Cristina Travassos; Lopes, Agnaldo José; Sá Ferreira, Arthur de; Reis, Luis Felipe da Fonseca

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivos: Avaliar os fatores associados à mortalidade em pacientes ventilados mecanicamente com síndrome o desconforto respiratório agudo por evolução da COVID-19. Métodos: Estudo de coorte retrospectiva, multicêntrica, que incluiu 425 pacientes adultos com COVID-19, ventilados mecanicamente, internados em 4 unidades de terapia intensiva. Foram coletados dados clínicos que compõem o escore SOFA, dados laboratoriais e características mecânicas do sistema respiratório, de forma padronizada, imediatamente após o início da ventilação mecânica invasiva. Os fatores de risco para óbito foram analisados por meio da regressão de Cox, para estimar as razões de risco, e seus respectivos IC95%. Resultados: Índice de massa corporal (RR de 1,17; IC95% 1,11 - 1,20; p < 0,001), escore SOFA (RR de 1,39; IC95% 1,31 - 1,49; p < 0,001) e driving pressure (RR de 1,24; IC95% 1,21 - 1,29; p < 0,001) foram considerados fatores independentes associados à mortalidade em pacientes ventilados mecanicamente com síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19. Já a complacência do sistema respiratório (RR de 0,92; IC95% 0,90 - 0,93; p < 0,001) foi associada à menor mortalidade. A análise comparativa das curvas de sobrevida demonstra que pacientes com complacência do sistema respiratório (< 30mL/cmH2O), maior SOFA escore (> 5 pontos) e maior driving pressure (> 14cmH2O) apresentaram maior associação ao desfecho morte em 28 dias e 60 dias. Conclusão: Pacientes com índice de massa corporal > 32kg/m2, complacência do sistema respiratório < 30mL/cmH2O, driving pressure > 14cmH2O e SOFA escore > 5,8, imediatamente após o início da assistência ventilatória invasiva, apresentam piores desfechos no segmento, sendo fatores de risco independentes associados à maior mortalidade nessa população.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objectives: To evaluate the factors associated with mortality in mechanically ventilated patients with acute respiratory distress syndrome due to COVID-19. Methods: This was a retrospective, multicenter cohort study that included 425 mechanically ventilated adult patients with COVID-19 admitted to 4 intensive care units. Clinical data comprising the SOFA score, laboratory data and mechanical characteristics of the respiratory system were collected in a standardized way immediately after the start of invasive mechanical ventilation. The risk factors for death were analyzed using Cox regression to estimate the risk ratios and their respective 95%CIs. Results: Body mass index (RR 1.17; 95%CI 1.11 - 1.20; p < 0.001), SOFA score (RR 1.39; 95%CI 1.31 - 1.49; p < 0.001) and driving pressure (RR 1.24; 95%CI 1.21 - 1.29; p < 0.001) were considered independent factors associated with mortality in mechanically ventilated patients with acute respiratory distress syndrome due to COVID-19. Respiratory system compliance (RR 0.92; 95%CI 0.90 - 0.93; p < 0.001) was associated with lower mortality. The comparative analysis of the survival curves indicated that patients with respiratory system compliance (< 30mL/cmH2O), a higher SOFA score (> 5 points) and higher driving pressure (> 14cmH2O) were more significantly associated with the outcome of death at 28 days and 60 days. Conclusion: Patients with a body mass index > 32kg/m2, respiratory system compliance < 30mL/cmH2O, driving pressure > 14cmH2O and SOFA score > 5.8 immediately after the initiation of invasive ventilatory support had worse outcomes, and independent risk factors were associated with higher mortality in this population.
  • Um portal educativo melhora os resultados psicológicos e a satisfação de familiares de pacientes em unidades de terapia intensiva? Artigo Original

    Haack, Tarissa da Silva Ribeiro; Rosa, Regis Goulart; Teixeira, Cassiano; Sganzerla, Daniel; Robinson, Caroline Cabral; Eugênio, Cláudia Severgnini; Magalhães, Cleidilene Ramos

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Avaliar o efeito de um portal educativo na satisfação e nos sintomas de ansiedade e depressão de familiares de pacientes adultos em estado crítico. Métodos: Inserimos uma análise de acesso a um portal num estudo de coorte realizado em unidades de terapia intensiva com horários de visita flexíveis no Brasil. Os familiares foram orientados a acessar um portal educativo concebido para os ajudá-los a compreender os processos e as emoções associados à internação em unidades de terapia intensiva. Os sujeitos foram avaliados quanto às informações basais nas primeiras 48 horas após a inclusão e quanto aos desfechos até 7 dias após a alta do paciente da unidade de terapia intensiva, morte ou até o 30º dia do estudo. Os principais desfechos foram a satisfação por meio do Inventário das Necessidades da Família em Cuidados Intensivos e a presença de sintomas de ansiedade e depressão utilizando a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Resultados: Avaliaram-se 532 familiares durante o período do estudo. Destes, 61 (11,5%) acessaram o portal. Após ajustes, os familiares que acessaram o portal apresentaram médias significativamente melhores dos valores do Inventário de Necessidades da Família em Cuidados Intensivos (152,8 versus 145,2; p = 0,01) e menor prevalência de provável ansiedade clínica (razão de prevalência de 0,35; IC95% 0,14 - 0,89) do que familiares que não acessaram o portal. Não houve diferença em relação aos sintomas de depressão. Conclusão: O acesso a um portal educativo foi associado a maior satisfação familiar com os cuidados e menor prevalência de ansiedade clínica.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To evaluate the impact of an educational website on satisfaction and symptoms of anxiety and depression among family members of critically ill adult patients. Methods: We embedded an analysis of website access in a cohort study conducted in intensive care units with flexible visiting hours in Brazil. Family members were guided to access an educational website designed to help them understand the processes and emotions associated with an intensive care unit stay. Subjects were evaluated for baseline data within the first 48 hours following enrollment and outcome assessment at up to 7 days after patient discharge from the intensive care unit, death, or until the 30th day of the study. The main outcomes were satisfaction using the Critical Care Family Needs Inventory and the presence of anxiety and depression symptoms using the Hospital Anxiety and Depression Scale. Results: A total of 532 family members were evaluated during the study period. Of these, 61 (11.5%) accessed the website. After adjustments, family members who accessed the website had significantly better mean Critical Care Family Needs Inventory scores (152.8 versus 145.2, p = 0.01) and a lower prevalence of probable clinical anxiety (prevalence ratio 0.35; 95%CI 0.14 - 0.89) than family members who did not access the website. There were no differences regarding symptoms of depression. Conclusion: Access to an educational website was associated with higher family satisfaction with care and a lower prevalence of clinical anxiety.
  • Comparação da pressão expiratória máxima e da pressão expiratória máxima durante a tosse induzida como preditor de falha na extubação Artigo Original

    Carrera, Melina; Urrutia, Jose García; Ardariz, Cesar Bueno; Porra, Maria Luz; Gamarra, Claudio; Ballve, Ladislao Pablo Diaz

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Comparar o desempenho diagnóstico da pressão expiratória máxima com a pressão expiratória máxima durante a tosse induzida para prever a falha na extubação em 72 horas em pacientes que completaram o teste de respiração espontânea. Métodos: O estudo foi realizado entre outubro de 2018 e setembro de 2019. Foram incluídos todos os pacientes com mais de 18 anos admitidos à unidade de terapia intensiva que necessitavam de ventilação mecânica invasiva durante mais de 48 horas e completaram com sucesso o teste de respiração espontânea. A pressão expiratória máxima foi avaliada com uma válvula unidirecional durante 40 segundos, e foi dado encorajamento verbal. A pressão expiratória máxima durante a tosse induzida foi medida com instilação lenta de 2mL de solução salina a 0,9%. A variável do desfecho primário foi a falha na extubação. Resultados: Foram incluídos 80 pacientes, dos quais 43 (54%) eram do sexo masculino. Verificou-se falha na extubação de 22 pacientes [27,5% (IC95% 18,9 - 38,1)] em 72 horas. Observou-se diferença entre a pressão expiratória máxima durante a tosse induzida do grupo com falha na extubação, com mediana de 0cmH2O (P25-75 de 0 - 90) e do grupo sem falha na extubação, com mediana de 120cmH2O (P25-75 de 73 - 120), com p < 0,001. Conclusão: Em pacientes que completaram o teste de respiração espontânea, a pressão expiratória máxima durante a tosse induzida apresentou melhor desempenho diagnóstico para prever falha na extubação em 72 horas. Registro Cliniclatrials.gov: NCT04356625

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To compare the diagnostic performance of maximal expiratory pressure with maximal expiratory pressure during induced cough for predicting extubation failure within 72 hours in patients who completed a spontaneous breathing trial (SBT). Methods: The study was conducted between October 2018 and September 2019. All patients aged over 18 years admitted to the intensive care unit who required invasive mechanical ventilation for over 48 hours and successfully completed a spontaneous breathing trial were included. The maximal expiratory pressure was assessed with a unidirectional valve for 40 seconds, and verbal encouragement was given. The maximal expiratory pressure during induced cough was measured with slow instillation of 2mL of a 0.9% saline solution. The primary outcome variable was extubation failure. Results: Eighty patients were included, of which 43 (54%) were male. Twenty-two patients [27.5% (95%CI 18.9 - 38.1)] failed extubation within 72 hours. Differences were observed in the maximal expiratory pressure during induced cough between the group who failed extubation, with a median of 0cmH2O (P25-75: 0 - 90), and the group without extubation failure, with a median of 120cmH2O (P25-75: 73 - 120); p < 0.001. Conclusion: In patients who completed a spontaneous breathing trial, the maximal expiratory pressure during induced cough had a higher diagnostic performance for predicting extubation failure within 72 hours. Clinicaltrials.gov Registry: NCT04356625
  • Desmame da ventilação mecânica por protocolo versus desmame convencional em pacientes neurocríticos de uma unidade de terapia intensiva: um estudo quase experimental não randomizado Artigo Original

    Belenguer-Muncharaz, Alberto; Díaz-Tormo, Carmen; Granero-Gasamans, Estefania; Mateu-Campos, Maria-Lidón

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Investigar se o desmame por protocolo em pacientes neurocríticos reduz a taxa de falha de extubação (desfecho primário) e as complicações associadas (desfecho secundário) em comparação com o desmame convencional. Métodos: Realizou-se um estudo quase experimental em uma unidade de terapia intensiva médico-cirúrgica de janeiro de 2016 a dezembro de 2018. Foram incluídos pacientes com 18 anos de idade ou mais, com doença neurológica aguda e em ventilação mecânica > 24 horas. Todos os pacientes incluídos no estudo estavam prontos para o desmame, com nenhuma ou mínima sedação, escala de coma de Glasgow ≥ 9, estímulo ventilatório espontâneo, noradrenalina ≤ 0,2μgr/kg/minuto, fração inspirada de oxigênio ≤ 0,5, pressão expiratória positiva final ≤ 5cmH2O, pressão inspiratória máxima < -20cmH2O e pressão de oclusão < 6cmH2O. Resultados: Foram incluídos 94 dos 314 pacientes admitidos à unidade de terapia intensiva, sendo 50 no Grupo Intervenção e 44 no Grupo Controle. Não houve diferença significativa na falha do ensaio respiratório espontâneo (18% no Grupo Intervenção versus 34% no Grupo Controle, p = 0,12). Foram extubados mais pacientes no Grupo Intervenção do que no Controle (100% versus 79%; p = 0,01). A taxa de falha de extubação não foi significativamente diferente entre os grupos (18% no Grupo Intervenção versus 17% no Grupo Controle, risco relativo de 1,02; IC95% 0,64 - 1,61; p = 1,00). A taxa de reintubação foi menor no Grupo Controle (16% no Grupo Intervenção versus 11% no Grupo Controle; risco relativo de 1,15; IC95% 0,74 -1,82; p = 0,75). A necessidade de traqueotomia foi menor no Grupo Intervenção [4 (8%) versus 11 (25%) no Grupo Controle; risco relativo de 0,32; IC95% 0,11 - 0,93; p = 0,04]. Aos 28 dias, os pacientes do Grupo Intervenção tinham mais dias sem ventilador do que os do Grupo Controle [28 (26 - 28) dias versus 26 (19 - 28) dias; p = 0,01]. A duração total da ventilação mecânica foi menor no Grupo Intervenção do que no Controle [5 (2 - 13) dias versus 9 (3 - 22) dias; p = 0,01]. Não houve diferenças no tempo de internação na unidade de terapia intensiva, 28 dias sem ventilação mecânica, internação hospitalar ou mortalidade em 90 dias. Conclusão: Considerando as limitações de nosso estudo, a aplicação de um protocolo de desmame em pacientes neurocríticos levou à maior proporção de extubação, à menor necessidade de traqueotomia e à menor duração da ventilação mecânica. Entretanto, não houve redução na falha de extubação ou 28 dias sem ventilação mecânica em comparação com o Grupo de Controle. Registro ClinicalTrials.gov: NCT03128086

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To investigate whether protocol-directed weaning in neurocritical patients would reduce the rate of extubation failure (as a primary outcome) and the associated complications (as a secondary outcome) compared with conventional weaning. Methods: A quasi-experimental study was conducted in a medical-surgical intensive care unit from January 2016 to December 2018. Patients aged 18 years or older with an acute neurological disease who were on mechanical ventilation > 24 hours were included. All patients included in the study were ready to wean, with no or minimal sedation, Glasgow coma score ≥ 9, spontaneous ventilatory stimulus, noradrenaline ≤ 0.2μgr/kg/ minute, fraction of inspired oxygen ≤ 0.5, positive end-expiratory pressure ≤ 5cmH2O, maximal inspiratory pressure < -20cmH2O, and occlusion pressure < 6cmH2O. Results: Ninety-four of 314 patients admitted to the intensive care unit were included (50 in the Intervention Group and 44 in the Control Group). There was no significant difference in spontaneous breathing trial failure (18% in the Intervention Group versus 34% in the Control Group, p = 0.12). More patients in the Intervention Group were extubated than in the Control Group (100% versus 79%, p = 0.01). The rate of extubation failure was not signifiantly diffrent between the groups (18% in the Intervention Group versus 17% in the Control Group; relative risk 1.02; 95%CI 0.64 - 1.61; p = 1.00). The reintubation rate was lower in the Control Group (16% in the Intervention Group versus 11% in the Control Group; relative risk 1.15; 95%CI 0.74 - 1.82; p = 0.75). The need for tracheotomy was lower in the Intervention Group [4 (8%) versus 11 (25%) in the Control Group; relative risk 0.32; 95%CI 0.11 - 0.93; p = 0.04]. At Day 28, the patients in the Intervention Group had more ventilator-free days than those in the Control Group [28 (26 - 28) days versus 26 (19 - 28) days; p = 0.01]. The total duration of mechanical ventilation was shorter in the Intervention Group than in the Control Group [5 (2 - 13) days versus 9 (3 - 22) days; p = 0.01]. There were no diffrences in the length of intensive care unit stay, 28-day free from mechanical ventilation, hospital stay or 90-day mortality. Conclusion: Considering the limitations of our study, the application of a weaning protocol for neurocritical patients led to a high percentage of extubation, a reduced need for tracheotomy and a shortened duration of mechanical ventilation. However, there was no reduction in extubation failure or the 28-day free of from mechanical ventilation compared with the Control Group. ClinicalTrials.gov Registry: NCT03128086
  • Conhecimento do manejo da oxigenação por membrana extracorpórea de intensivistas pediátricos brasileiros: um inquérito transversal Artigo Original

    Colleti Júnior, José; Prata-Barbosa, Arnaldo; Araujo, Orlei Ribeiro; Tonial, Cristian Tedesco; Oliveira, Felipe Rezende Caino de; Souza, Daniela Carla de; Lima-Setta, Fernanda; Oliveira, Thiago Silveira Jannuzzi de; Mello, Mary Lucy Ferraz Maia Fiuza de; Amoretti, Carolina; João, Paulo Ramos David; Neves, Cinara Carneiro; Oliveira, Norma Suely; Costa, Cira Ferreira Antunes; Garros, Daniel

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Avaliar os conhecimentos gerais dos intensivistas pediátricos brasileiros sobre oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo evidências de uso, modelo de custeio nacional, indicações e complicações. Métodos: Este estudo foi um inquérito transversal multicêntrico que incluiu 45 unidades de terapia intensiva pediátrica brasileiras. Realizou-se inquérito de conveniência com 654 intensivistas quanto aos seus conhecimentos sobre manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea, suas indicações, complicações, custeio e evidências bibliográficas. Resultados: O inquérito abordou questões relativas aos conhecimentos e à experiência dos intensivistas pediátricos sobre oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo dois casos clínicos e seis questões facultativas sobre o manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea. Dos 45 centros convidados, 42 (91%) participaram do estudo, e 412 (63%) dos 654 intensivistas pediátricos responderam ao inquérito. A maioria das unidades de terapia intensiva pediátrica eram da Região Sudeste do Brasil (59,5%), e os hospitais privados com fins lucrativos representavam 28,6% dos centros participantes. A média de idade dos respondentes era de 41,4 (desvio-padrão de 9,1) anos, e a maioria (77%) era mulher. Apenas 12,4% dos respondentes tinham formação em oxigenação por membrana extracorpórea. Dos hospitais pesquisados, apenas 19% tinham um programa de oxigenação por membrana extracorpórea, e apenas 27% dos intensivistas declararam já ter manejado pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea. Apenas 64 médicos (15,5%) responderam a questões específicas sobre o manejo de oxigenação por membrana extracorpórea (mediana 63,4%; oscilando entre 32,8% e 91,9%). Conclusão: A maioria dos intensivistas pediátricos brasileiros demonstrou conhecimentos limitados de oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo suas indicações e complicações. A oxigenação por membrana extracorpórea ainda não está amplamente disponível no Brasil, com poucos intensivistas preparados para o manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea e ainda menos intensivistas capazes de reconhecer quando devem encaminhar pacientes para centros de oxigenação por membrana extracorpórea.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To assess Brazilian pediatric intensivists’ general knowledge of extracorporeal membrane oxygenation, including evidence for its use, the national funding model, indications, and complications. Methods: This was a multicenter cross-sectional survey including 45 Brazilian pediatric intensive care units. A convenience sample of 654 intensivists was surveyed regarding their knowledge on managing patients on extracorporeal membrane oxygenation, its indications, complications, funding, and literature evidence. Results: The survey addressed questions regarding the knowledge and experience of pediatric intensivists with extracorporeal membrane oxygenation, including two clinical cases and 6 optional questions about the management of patients on extracorporeal membrane oxygenation. Of the 45 invited centers, 42 (91%) participated in the study, and 412 of 654 (63%) pediatric intensivists responded to the survey. Most pediatric intensive care units were from the Southeast region of Brazil (59.5%), and private/for-profit hospitals represented 28.6% of the participating centers. The average age of respondents was 41.4 (standard deviation 9.1) years, and the majority (77%) were women. Only 12.4% of respondents had taken an extracorporeal membrane oxygenation course. Only 19% of surveyed hospitals have an extracorporeal membrane oxygenation program, and only 27% of intensivists reported having already managed patients on extracorporeal membrane oxygenation. Specific extracorporeal membrane oxygenation management questions were responded to by only 64 physicians (15.5%), who had a fair/good correct response rate (median 63.4%; range 32.8% to 91.9%). Conclusion: Most Brazilian pediatric intensivists demonstrated limited knowledge regarding extracorporeal membrane oxygenation, including its indications and complications. Extracorporeal membrane oxygenation is not yet widely available in Brazil, with few intensivists prepared to manage patients on extracorporeal membrane oxygenation and even fewer intensivists recognizing when to refer patients to extracorporeal membrane oxygenation centers.
  • Modelo de checklist de, aptidão para teste de respiração espontânea em pediatria Artigo Original

    Miranda, Bruno Silva; Neves, Valéria Cabral; Albuquerque, Yessa do Prado; Souza, Emilly Freitas de; Koliski, Adriana; Cat, Mônica Nunes Lima; Carreiro, José Eduardo

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Avaliar se um modelo de checklist diário de aptidão para o teste de respiração espontânea é capaz de identificar variáveis preditivas de falha no processo de extubação em pacientes pediátricos internados em uma unidade de terapia intensiva brasileira. Métodos: Estudo unicêntricotransversal, com coleta prospectiva de dados. O modelo de checklist foi elaborado com 20 itens e aplicado para avaliação de aptidão para o teste de respiração espontânea. Resultados: A amostra foi composta de 126 pacientes pediátricos em ventilação mecânica invasiva, 85 do sexo masculino (67,5%), para os quais foram aplicadas 1.217 avaliações diárias à beira do leito. A pontuação total ponderada do modelo de predição apresentou o maior poder de discriminação para a realização do teste de respiração espontânea, com índices de sensibilidade e especificidade para a falha de aptidão de 89,7% ou sucesso de 84,6%. O ponto de corte sugerido pelo checklist foi 8, com probabilidade de falha de extubação inferior a 5%. Observou-se que a falha aumentou progressivamente com o aumento da pontuação obtida, com probabilidade máxima de predição de falha de extubação de 85%. Conclusão: A taxa de falha de extubação com a utilização desse modelo ficou dentro do que é aceitável na literatura. O modelo de checklist diário para aptidão do teste de respiração espontânea foi capaz de identificar variáveis preditivas de falha no processo de extubação em pacientes pediátricos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To evaluate whether a model of a daily fitness checklist for spontaneous breathing tests is able to identify predictive variables of extubation failure in pediatric patients admitted to a Brazilian intensive care unit. Methods: This was a single-center, cross-sectional study with prospective data collection. The checklist model comprised 20 items and was applied to assess the ability to perform spontaneous breathing tests. Results: The sample consisted of 126 pediatric patients (85 males (67.5%)) on invasive mechanical ventilation, for whom 1,217 daily assessments were applied at the bedside. The weighted total score of the prediction model showed the highest discriminatory power for the spontaneous breathing test, with sensitivity and specificity indices for fitness failure of 89.7% or success of 84.6%. The cutoff point suggested by the checklist was 8, with a probability of extubation failure less than 5%. Failure increased progressively with increasing score, with a maximum probability of predicting extubation failure of 85%. Conclusion: The extubation failure rate with the use of this model was within what is acceptable in the literature. The daily checklist model for the spontaneous breathing test was able to identify predictive variables of failure in the extubation process in pediatric patients.
  • Necessidades de familiares de pacientes em terapia intensiva e sua percepção da comunicação médica Artigo Original

    Cezar, Augusto Garcia de; Castanhel, Flávia Del; Grosseman, Suely

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Compreender a percepção da comunicação médica e das necessidades de familiares com entes queridos em terapia intensiva. Métodos: O estudo foi principalmente qualitativo e exploratório, com análise temática dos comentários feitos por 92 familiares com entes queridos em unidades de terapia intensiva ao responderem entrevistas presenciais, incluindo o Quality of Communication Questionnaire e perguntas abertas sobre sua necessidade de mais ajuda, a adequação do local onde recebiam informações e outros comentários. Resultados: A média de idade dos participantes foi 46,8 anos (desviopadrão de 11,8), e a maioria deles era do sexo feminino, casada e tinha educação fundamental incompleta ou completa. Foram encontrados os seguintes temas: percepção das características da comunicação médica; sentimentos gerados pela comunicação; considerações sobre questões específicas do Quality of Communication Questionnaire; necessidades dos familiares; e estratégias para suprir as necessidades relativas à comunicação. As características que facilitaram a comunicação incluíram atenção e escuta. As características que dificultaram a comunicação incluíram aspectos de compartilhamento de informações, como linguagem inacessível; falta de clareza, objetividade, sinceridade e concordância entre a equipe; tempo limitado e localização inadequada. Sentimentos como vergonha, impotência e tristeza foram citados quando a comunicação era inadequada. As necessidades dos familiares relacionadas à comunicação incluíam mais detalhes do diagnóstico, do prognóstico e da condição de saúde do ente querido; participação na tomada de decisões e ser questionado sobre sentimentos, espiritualidade, morrer e morte. Outros estavam relacionados às visitas mais longas, ao apoio psicológico, à assistência social e à melhor infraestrutura. Conclusão: É necessário otimizar a comunicação médica e a infraestrutura hospitalar para melhorar a qualidade da assistência a familiares.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To understand the perception of medical communication and needs of family members with loved ones in intensive care. Methods: The study was mainly qualitative and exploratory, with thematic analysis of comments made by 92 family members with loved ones in intensive care units when answering in-person interviews comprising the Quality of Communication Questionnaire (QoC) and open-ended questions about their need for additional help, the appropriateness of the place where they received information, and additional comments. Results: The participants’ mean age was 46.8 years (SD = 11.8), and most of them were female, married and had incomplete or completed elementary education. The following themes were found: perception of characteristics of medical communication; feelings generated by communication; considerations about specific questions in the QoC; family members’ needs; and strategies to overcome needs regarding communication. Characteristics that facilitated communication included attention and listening. Characteristics that made communication difficult included aspects of information sharing, such as inaccessible language; lack of clarity, objectivity, sincerity, and agreement among the team; limited time; and inadequate location. Feelings such as shame, helplessness, and sadness were cited when communication was inadequate. Family members’ needs related to communication included more details about the loved one’s diagnosis, prognosis, and health condition; participation in decisionmaking; and being asked about feelings, spirituality, dying and death. Others were related to longer visitation time, psychological support, social assistance, and better infrastructure. Conclusion: It is necessary to enhance medical communication and improve hospital infrastructure to improve the quality of care for family members.
  • Cuidados de alto valor para pacientes oncohematológicos graves: o que sabemos até agora? Revisão

    Atallah, Fernanda Chohfi; Caruso, Pedro; Nassar Junior, Antonio Paulo; Torelly, Andre Peretti; Amendola, Cristina Prata; Salluh, Jorge Ibrain Figueira; Romano, Thiago Gomes

    Resumo em Português:

    RESUMO O número de pacientes oncológicos com necessidade de internação em unidades de terapia intensiva está aumentando em todo o mundo. A maior compreensão fisiopatológica desse grupo de pacientes, bem como opções de tratamento cada vez melhores e mais direcionadas à doença subjacente, tem levado a um aumento significativo da sobrevida nas últimas três décadas. Dentro dos conceitos organizacionais é necessário saber o que agrega valor ao cuidado de pacientes onco-hematológicos graves. As práticas terapêuticas não benéficas aos pacientes e possivelmente causadoras de danos são chamadas práticas de baixo valor, enquanto as práticas de alto valor são definidas como cuidados de alta qualidade a um custo relativamente baixo. Neste artigo discutimos dez domínios com evidências de alto valor no cuidado de pacientes com câncer: (1) políticas de internação na unidade de terapia intensiva; (2) organização da unidade de terapia intensiva; (3) investigação etiológica da hipoxemia; (4) manejo da insuficiência respiratória aguda; (5) manejo da neutropenia febril; (6) tratamento quimioterápico de urgência em pacientes graves; (7) experiência do paciente e da família; (8) cuidados paliativos; (9) cuidados com a equipe da unidade de terapia intensiva; e (10) impacto a longo prazo da doença grave na população oncológica. Esperase que a divulgação dessas políticas traga mudanças aos padrões atuais do cuidado em saúde. Entendemos que é um processo longo, e iniciativas como o presente artigo são um dos primeiros passos para aumentar a conscientização e possibilitar discussão sobre cuidados de alto valor em vários cenários de saúde.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT The number of patients with cancer requiring intensive care unit admission is increasing around the world. The improvement in the pathophysiological understanding of this group of patients, as well as the increasingly better and more targeted treatment options for their underlying disease, has led to a significant increase in their survival over the past three decades. Within the organizational concepts, it is necessary to know what adds value in the care of critical oncohematological patients. Practices in medicine that do not benefit patients and possibly cause harm are called low-value practices, while high-value practices are defined as high-quality care at relatively low cost. In this article, we discuss ten domains with high-value evidence in the care of cancer patients: (1) intensive care unit admission policies; (2) intensive care unit organization; (3) etiological investigation of hypoxemia; (4) management of acute respiratory failure; (5) management of febrile neutropenia; (6) urgent chemotherapy treatment in critically ill patients; (7) patient and family experience; (8) palliative care; (9) care of intensive care unit staff; and (10) long-term impact of critical disease on the cancer population. The disclosure of such policies is expected to have the potential to change health care standards. We understand that it is a lengthy process, and initiatives such as this paper are one of the first steps in raising awareness and beginning a discussion about high-value care in various health scenarios.
  • Impacto da pandemia da COVID-19 na predição de óbito por acidente vascular cerebral em uma região carente do Brasil: um estudo de coorte retrospectiva Carta Ao Editor

    Jesus, João Ricardo Bispo de; Martins Filho, Paulo Ricardo; Mota, Aline Ferreira de Brito; Santos, Crislaine Souza; Santos, Joyce Menezes; Souza, Franklim Oliveira; Guedes-Granzotti, Raphaela Barroso; Gois Junior, Miburge Bolivar; Silva, Kelly da
  • Sedação com anestésicos voláteis na unidade de terapia intensiva: uma nova opção com velhos agentes Carta Ao Editor

    Ramos, Fernando José da Silva; Santos, Mauricio Henrique Claro dos; Pastore Junior, Laerte
  • A terapia intensiva e os diferentes sentidos de vulnerabilidade Carta Ao Editor

    Alves, Rebeca Mamede da Silva; Ribeiro, Rafael Casali
  • Débito cardíaco contínuo estimado baseado no tempo de trânsito da onda de pulso em crianças em estado crítico: relato de dois casos Carta Ao Editor

    Silva, Humberto Magalhães; Uzun, Raisa Sanches; Ferraz, Isabel de Siqueira; Brandão, Marcelo Barciela; Souza, Tiago Henrique de

    Resumo em Português:

    RESUMO O débito cardíaco é um determinante importante do fornecimento de oxigênio, embora a sua mensuração seja realizada de forma pouco confiável no exame clínico e no monitoramento de rotina. Infelizmente, o monitoramento do débito cardíaco raramente é realizado na medicina intensiva pediátrica, com disponibilidade limitada de métodos precisos para crianças. Relatamos aqui dois casos pediátricos nos quais utilizouse o monitoramento não invasivo do débito cardíaco por meio da análise do tempo de trânsito de ondas de pulso (esCCO, Nihon Kohden, Tóquio, Japão). O sistema esCCO calcula o débito cardíaco continuamente pela correlação negativa entre o volume sistólico e o tempo de trânsito de ondas de pulso e requer apenas o monitoramento por eletrocardiograma, pressão arterial não invasiva e sinais de oximetria de pulso. Antes de iniciar seu uso, o esCCO deve ser calibrado, o que pode ser feito com informações do paciente (sexo, idade, altura e peso corporal) ou informando os valores do débito cardíaco obtidos mediante outros métodos. Em ambos os casos, quando as calibragens foram realizadas com informações do paciente, a concordância entre o débito cardíaco contínuo estimado e as medidas ecocardiográficas foi insatisfatória. Entretanto, após a calibragem com ecocardiografia transtorácica, os valores do débito cardíaco obtidos pelos dois métodos permaneceram semelhantes após 2 horas e 18 horas. Os resultados indicam que o sistema esCCO pode ser útil em crianças; entretanto, são necessários mais estudos para otimizar seu algoritmo e determinar sua exatidão, precisão e tendência em crianças.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Cardiac output is an essential determinant of oxygen delivery, although unreliably measured on clinical examination and routine monitoring. Unfortunately, cardiac output monitoring is rarely performed in pediatric critical care medicine, with a limited availability of accurate methods for children. Herein, we report two pediatric cases in which noninvasive pulse-wave transit time-based cardiac output monitoring (esCCO, Nihon Kohden, Tokyo, Japan) was used. The esCCO system calculates cardiac output continuously by using the negative correlation between stroke volume and pulse wave transit time and requires only electrocardiogram monitoring, noninvasive blood pressure, and pulse oximetry signals. Before starting its use, esCCO should be calibrated, which can be done using patient information (gender, age, height, and body weight) or entering cardiac output values obtained by other methods. In both cases, when calibrations were performed using patient information, the agreement between esCCO and echocardiographic measurements was poor. However, after calibration with transthoracic echocardiography, the cardiac output values obtained by both methods remained similar after 2 hours and 18 hours. The results indicate that the esCCO system is suitable for use in children; however, further studies are needed to optimize its algorithm and determine its accuracy, precision, and trend in children.
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