Resumo
O presente artigo trata da metodologia histórica no campo da política externa brasileira a partir de reflexões sobre o tratamento de fontes primárias e as lições de dois importantes historiadores da Antiguidade: Moses I. Finley e Arnaldo Momigliano. Sem desprezar as diferenças de temporalidade implicadas, entende-se que é possível aproximar e estabelecer um respeitoso diálogo entre a história contemporânea e a história antiga. O artigo apresenta primeiramente uma discussão preliminar sobre as fontes para a história da política externa brasileira, seguida de uma série de análises e comentários sobre diversos aspectos do tratamento de fontes primárias: a) o caráter fragmentário das fontes e suas consequências; b) a predominância de fontes discursivas e a importância atribuída aos documentos individuais; c) o uso da história oral como fonte; d) a dificuldade em estabelecer o contexto da produção do documento. São utilizados trabalhos relativos à política externa brasileira para o Oriente Médio, em especial o caso do controverso voto favorável do Brasil à Resolução 3379 (XXX) da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1975, que equiparou o sionismo ao racismo, escolha que deriva do caráter controverso do voto brasileiro e da própria Resolução.
Palavras-chave
política externa; metodologia; relações internacionais; história da política externa brasileira; história internacional