Resumo em Português:
RESUMO A crítica que o jovem Marx dirige contra a religião, em geral, e contra o argumento ontológico, em particular, constitui um ponto de intersecção entre a filosofia marxiana e a fenomenologia radical de Michel Henry. Ao rejeitar a noção de um Deus transcendente, bem como as provas racionais da sua existência, o Marx de Henry refuta, por um lado, todas as críticas da religião que se situam na esfera da pura racionalidade como permite, por outro, conceber uma religiosidade assente na noção de um Deus radicalmente imanente.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The critique that the young Marx addresses against religion, in general, and against the ontological argument, in particular, constitutes a point of intersection between the Marxian philosophy and Michel Henry’s radical phenomenology. On the one hand, by rejecting the notion of a transcendent God as well as the rational proofs of his existence, Henry’s interpretation of Marx refutes all critiques of religion that lie in the sphere of pure rationality. On the other hand, from this hermeneutic of Marx arises a conception of a religiosity based on the notion of a pure immanent God.Resumo em Português:
RESUMO As pessoas exibem padrões de comportamento característicos reconhecíveis ao longo do tempo e das situações, com um determinado grau de regularidade. Esses padrões podem justificar a atribuição de traços de personalidade. É indiscutivelmente a visão do senso comum que a explicação adequada dessas regularidades comportamentais é dada por propriedades intrínsecas da psicologia do agente. Neste artigo, defendo uma visão externalista da base causal dos comportamentos característicos da personalidade. De acordo com a visão externalista, as regularidades comportamentais relevantes são melhor compreendidas como resultado de uma interação sistemática entre características internas ao agente e fatores ambientais-situacionais. Além disso, se for aceita a premissa de que as pessoas normalmente são capazes de exercer um certo grau de controle sobre as condições situacionais ambientais em que se encontram, o quadro resultante é de um tipo ativo de externalismo, pois as pessoas podem às vezes se envolver em seleção e manipulação das condições ambientais-situacionais como forma de administrar suas próprias tendências comportamentais.Resumo em Inglês:
ABSTRACT People display recognizably characteristic behavioral patterns across time and situations, with a given degree of regularity. These patterns may justify the attribution of personality traits. It is arguably the commonsense view that the proper explanation of these behavioral regularities is given by intrinsic properties of the agent’s psychology. In this paper, I argue for an externalistic view of the causal basis of personality-characteristic behaviors. According to the externalistic view, the relevant behavioral regularities are better understood as the result of a systematic interaction between features internal to the agent and environmental-situational factors. Moreover, if the premise is granted that people are typically able to exercise a certain degree of control over the environmental-situational conditions they find themselves in, the resulting picture is of active sort of externalism, as people may at times engage in selection and manipulation of environmental-situational conditions as a way of managing their own behavioral tendencies.Resumo em Português:
RESUMO Este artigo pretende revisitar o tema do reconhecimento em Honneth a partir de duas perspectivas: num primeiro momento aborda as esferas do reconhecimento mediante a proposta de eticidade formal que contém os aspectos normativo-universais e os aspectos contextuais inerentes aos processos de autorrealização. Num segundo momento apresenta a crítica de Thompson a Honneth segundo a qual a teoria do reconhecimento é falha por dois motivos fundamentais: (i) ela é incapaz de lidar com as dinâmicas e efeitos do poder social, isto é, ela prescinde de uma análise ontológica do “poder constitutivo” e da “dominação constitutiva”; (ii) ela se centra nas práticas intersubjetivas de reconhecimento e esquece de enfocar as estruturas e sistemas normativos de integração funcional.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This article aims to approach the Honneth’s theory of recognition from two perspectives: at first approaches the spheres of recognition from a formal ethical life purpose that maintain both universal and contextual aspects inherent to self-realization processes. Secondly, presents Thompson’s critique of Honneth according to which recognition’s theory fails for two main reasons: (i) it is unable to deal with the dynamics and effects of social power, that is, it dispenses with an ontological analysis of “constitutive power” and “constitutive domination”; (ii) it focuses on the intersubjective practices of recognition and forgets to focus on the normative structures and systems of functional integration.Resumo em Espanhol:
RESUMEN Tomás de Aquino sostiene que el ente es constituido por la causalidad fontal divina, que es causa totius esse, pero a la vez advierte que el ente no es por el Esse divino, sino por su propio esse. Esta doble vertiente causal que conforma la estructura metafísica de los entes creados nos obliga a buscar una fórmula que consiga articular estos dos aspectos causales, sin recíproco detrimento. En este artículo nos proponemos hallar esta fórmula partiendo de la naturaleza misma de la causalidad y su fundamento metafísico.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Thomas Aquinas maintains that the entity is constituted by the divine fontal causality, which is causa totius esse, but at the same time he warns that the entity is not by the divine Esse, but by its own esse. This double causal aspect that shapes the metaphysical structure of created entities forces us to search for a formula that manages to articulate these two causal aspects, without reciprocal detriment. In this article we propose to find this formula starting from the very nature of causality and its metaphysical foundation.Resumo em Português:
RESUMO Este artigo trata da individuação dos seres incorpóreos no Kalām fī maḥḍ al-ẖayr ou Liber de Causis (LdC). Tendo isso em vista, apresentarei a hierarquia dos seres, em especial, a distinção entre o intelecto e a alma. Após uma breve comparação entre os princípios no LdC (causa primeira, intelecto e alma) e nos Elementos de Teologia de Proclo (Uno, limite-ilimitado, henádes, intelecto e alma), discutirei a ausência das henádes divinas no LdC e as dificuldades encontradas pelo autor anônimo frente às mudanças realizadas na estrutura metafísica procliana. Riggs (2017) entende que o autor do LdC desenvolveu uma nova teoria para explicar a individuação, sem a mediação das henádes, baseada na distinção entre dois tipos de atividade: a criação realizada pela causa primeira e a doação de forma realizada pelo primeiro intelecto criado. Contudo, como discutirei, essas duas atividades não são capazes de justificar alguns aspectos do processo de individuação já que cada uma delas é um ato único realizado por um tipo de princípio externo, não por um princípio imanente ao próprio ser individuado. Uma interpretação alternativa para a teoria da individuação presente no LdC será proposta a partir de dois critérios: o princípio da semelhança (LdC X) e o princípio da proporcionalidade (LdC IX, XI).Resumo em Inglês:
ABSTRACT This article is about the individuation of incorporeal beings in the Kalām fī maḥḍ al-ẖayr or Liber de Causis (LdC). Bearing that in mind, I will introduce the hierarchy of beings, especially the distinction between the intellect and the soul. After a brief parallel between the types of principles in the LdC (first cause, intellect and soul) and in Proclus’ Elements of Theology (One, limit-unlimited, henádes, intellect and soul), I will discuss the absence of the divine henádes in the LdC and some difficulties faced by the anonymous author due to his changes in the Proclian metaphysical model. Riggs (2017) understands that the anonymous author of the LdC developed a new theory to explain the individuation of beings based on two kinds of activities: the act of creating performed by the first cause and the act of informing performed by the first created intellect. However, these two activities are not able to justify some aspects of individuation since each one of them is a unique act performed by an external principle, i.e., the first cause and the first intellect, not by an immanent one. An alternative interpretation of the theory of individuation found in the LdC will be proposed based on two criteria: the principle of similarity (LdC X) and the principle of proportionality (LdC IX, XI).Resumo em Espanhol:
RESUMEN La transformación digital de la economía que subyace a la hibridación de fenómenos interdependientes como la blockchain, las criptomonedas, los tokens no fungibles (NFT) y el Metaverso está generando un aumento considerable de la complejidad social y, con ello, de la vulnerabilidad humana. Las consecuencias intencionadas o inintencionadas derivadas de este nuevo contexto económico hiperconectado, algoritmizado, dataficado y virtualizado no siempre son social y humanamente aceptables, especialmente para los grupos más vulnerables de la sociedad. Por ello, el objetivo de este estudio es profundizar en los aspectos básicos y las exigencias éticas que subyacen a tales fenómenos.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The digital transformation of the economy that underlies the hybridization of interdependent phenomena such as blockchain, cryptocurrencies, non-fungible tokens (NFTs) and the Metaverse is generating a considerable increase in social complexity and, with it, human vulnerability. The intended or unintended consequences of this new hyperconnected, algorithmic, datafied and virtualized economic context are not always socially and humanly acceptable, especially for the most vulnerable groups in society. Therefore, the objective of this study is to delve into the basic aspects and the ethical demands that underlie such phenomena.Resumo em Espanhol:
RESUMEN El propósito de este artículo es el de ofrecer tanto una interpretación de las ideas y presupuestos que subyacen a la ética en torno al resentimiento que desarrolló el intelectual austriaco Jean Améry, como una proyección de sus ideas en el debate contemporáneo en torno a los proyectos recientes de justicia transicional. A partir del diálogo con las ideas de esta víctima del Holocausto explicitaremos las diferentes dimensiones psicológicas, morales y temporales que subyacen a los procesos de gestión ético-política de legados de violencia colectiva que siguen acechando a los sistemas políticos actuales.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This article aims at offering an interpretation of the ideas and assumptions underlying Jean Amery’s ethics of resentment, and also at projecting his ideas into the contemporary debate on transitional justice. By engaging with Amery’s works this paper brings light to the different psychological, moral and temporal dimensions that underlie the processes of dealing with legacies of collective violence that continue to haunt democratic societies.Resumo em Português:
RESUMO Neste artigo, exploramos alguns prospectos e problemas da análise disposicional das cores como compromisso entre o fisicalismo e o eliminativismo. Para o fisicalismo, cores podem ser identificadas com propriedades físicas dos objetos, enquanto que para os eliminativistas, como Galileu, cores são meros nomes para as sensações. Percorrendo as ideias de Barry Stroud, David Hilbert e Joshua Gert, pensamos que o fenômeno da constância da cor pode ser mais bem compreendido a partir da ideia de que a cor objetiva é uma disposição para produzir cores aparentes em circunstâncias variadas. Finalmente, apontamos a razão pela qual o fato do senso comum não encarar a cor como uma disposição pode ser explicado por uma diferença entre as disposições para produzir aparências e as disposições mais comuns do mundo físico como solubilidade e maleabilidade. Diferentemente destas, as cores, como disposições para produzirem aparências, têm amplas e cotidianas condições de manifestação, com pequeno hiato temporal entre a existência das condições de manifestação e a própria manifestação.Resumo em Inglês:
ABSTRACT In this article we explore some prospects and problems of the dispositional analysis of colors as a compromise between physicalism and eliminativism. For physicalism, colors can be identified with physical properties of objects, while for eliminativists such as Galileo, colors are mere names for sensations. Going through the ideas of Barry Stroud, David Hilbert and Joshua Gert, we think that the phenomenon of color constancy can be better understood from the idea that objective color is a disposition to produce apparent colors in varied circumstances. Finally, we point out the reason why the fact that common sense does not regard color as a disposition can be explained by a difference between dispositions to produce appearances and the more common dispositions of the physical world such as solubility and malleability. Unlike these, colors, as dispositions to produce appearances, have broad and everyday conditions of manifestation, with a small temporal gap between the existence of the conditions of manifestation and the manifestation itself.Resumo em Português:
RESUMO Alguns autores pós-copernicanos, como Bernard de Fontenelle e Cyrano de Bergerac, mencionam uma associação entre geocentrismo e antropocentrismo que foi quebrada pelo modelo copernicano. Este argumento foi criticado por autores como A. O. Lovejoy, Remi Brague e Dennis R. Danielson, que argumentam que o modelo geocêntrico do Universo mais humilhou o homem do que o glorificou, uma vez que a Terra, como centro do Universo, foi vista como a parte imunda do Universo. Assim, viver na Terra não era considerado um status nobre para o Homem. Neste artigo, no entanto, mostrarei que viver na parte mais grosseira do Universo também era visto em conjunto com um status nobre, e que havia de fato uma associação feita entre geocentrismo e antropocentrismo antes da Revolução Copérnica.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Some post-Copernican authors, such as Bernard de Fontenelle and Cyrano de Bergerac, mention an association between geocentrism and anthropocentrism that was broken by the Copernican model. This argument has been criticized by authors such as A. O. Lovejoy, Remi Brague, and Dennis R. Danielson, who argue that the geocentric model of the Universe humiliated man rather than glorified him, since the Earth, as the center of the Universe, was seen as the filthy part of the Universe. So, living on the Earth was not considered a noble status for Man. In this paper, however, I will show that living in the coarser part of the Universe had also been seen in conjunction with having a noble status, and that there was indeed an association made between geocentrism and anthropocentrism before the Copernican Revolution.