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A memória coletiva oficial e o necropoder: os grupos de extermínio em Você também pode dar um presunto legal (1973)1 1 Leonardo Corrêa Figueira e Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque agradecem a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e ao Núcleo de Antropologia da Arte (N.A.d.A.) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

The official collective memory and necropower: death squads in Você também pode dar um presunto legal (1973)

Resumo

Neste artigo, apresentamos um estudo sociológico e imagético do curta-metragem Você também pode dar um presunto legal (1973), do diretor Sérgio Muniz, com base nos conceitos de necropolítica e máquinas de guerra, de Achille Mbembe, e das contribuições teóricas de Michael Pollak em seu artigo Memória, esquecimento, silêncio. Mais especificamente, trata-se de uma análise que almeja estabelecer os pormenores de como o enredo da obra aponta para a naturalização do estabelecimento de esquadrões da morte a serviço da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) e da memória coletiva oficial estabelecida pelo regime em questão. Ou seja, apresenta-se o seguinte cenário: da mesma forma que o curta expõe as máximas defendidas pela memória oficial exaltada pelo regime militar ele também denuncia os crimes e as atrocidades levadas a cabo por seus agentes. Ao denunciar as atrocidades dos esquadrões da morte no período da Ditadura Civil-Militar, Muniz almeja estabelecer as bases (ainda que tão-somente simbólicas) para o advento de uma memória que possa de fato tanto se encaixar quanto ser adequada aos preceitos de um legítimo processo de lembrança e justiça para as vítimas do regime militar e seus descendentes.

Palavras-chave
necropolítica; Esquadrão da Morte; máquina de guerra; memória coletiva oficial; ditadura civil-militar

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