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Mapeando o ensino das atividades circenses no contexto escolar: escolas, professores e práticas pedagógicas

Mapping the circus activities teaching in the school context: schools, teachers and pedagogical practices

Mapeo de la enseñanza de las actividades circenses en el contexto escolar: escuelas, docentes y prácticas pedagógicas

RESUMO

Este estudo investigou o ensino das atividades circenses em escolas brasileiras, com foco no perfil das escolas, docentes e suas práticas pedagógicas. Utilizando um questionário online e combinando o método “bola de neve” e a busca ativa de participantes, a pesquisa envolveu 82 professores de todas as regiões. Os resultados destacam que o ensino de circo prevalece nos anos iniciais do Ensino Fundamental, integrado à disciplina de Educação Física principalmente nas escolas públicas e como atividade extracurricular nas privadas. Desafios como falta de infraestrutura, turmas numerosas e escassa formação nessa temática foram destacados. A pesquisa corrobora o fortalecimento dessa atividade no âmbito escolar e sugere a necessidade de mais formação e suporte aos professores.

Palavras-chave:
Circo; Educação básica; Professores; Arte-educação

ABSTRACT

This study investigated teaching circus activities in Brazilian schools, focusing on the school and teachers profile and its pedagogical practices. Using an online questionnaire and combining “snowball” method and active search of participants, our study included 82 teachers from all regions. The results highlight that circus teaching happens more recurrently in the early years of Elementary Education, being integrated into the PE mostly in public schools and as an extracurricular activity in private schools. Lack of infrastructure and training and large group of students were highlighted as frequent challenges. The study reinforces the strengthening of this activity at the school level and suggests the need for additional training and support for teachers.

Keywords:
Circus; Basic education; Teachers; Art education

RESUMEN

Este estudio investigó la enseñanza de las actividades circenses en las escuelas brasileñas, centrándose en el perfil de la escuela, de los docentes y las prácticas pedagógicas. Por medio de un cuestionario en línea y combinando el método de “bola de nieve” con la búsqueda activa de participantes, respondieron 82 docentes de todas las regiones. Los resultados destacan que la enseñanza del circo ocurre mayoritariamente en los primeros años de la Educación Primaria, integrándose más frequentemente a la disciplina de Educación Física en las escuelas públicas y como actividad extraescolar en las privadas. Se destacaron desafíos como la falta de infraestructura y formación y clases numerosas. El estudio corrobora el fortalecimiento de esta actividad en la escuela y sugiere la necesidad de formación y apoyo a los docentes.

Palabras-clave:
Circo; Educación básica; Maestros; Educación artística

INTRODUÇÃO

A prática do circo em distintos espaços educacionais, incluindo as escolas, representa um fenômeno emergente no final da década de 1990 e desde então ganha destaque, como sugerem diferentes estudos (Bortoleto, 2011Bortoleto MAC. Atividades circenses: notas sobre a pedagogia da educação corporal e estética. Cadernos de Formação RBCE [Internet]. 2011 Jul [citado 2022 Set 15];43-55. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277747022_Atividades_circenses_notas_sobre_a_pedagogia_da_educacao_corporal_e_estetica
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, 2023Bortoleto MAC. A escola como locus: a quantas anda o ensino das atividades circenses? Ambiente Gest Desenvolv 2023;2023:160-71. http://dx.doi.org/10.24979/qy8g3x71.
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; Fouchet, 2006Fouchet A. Las artes del circo: una aventura pedagógica. Buenos Aires: Stadium; 2006.; Invernó, 2003Invernó JC. Circo y Educación Física: otra forma de aprender. Barcelona: INDE Publicaciones; 2003.). A perspectiva cultural adotada em muitos projetos pedagógicos escolares contribuiu para valorização do circo como conteúdo programático (Cardani, 2018Cardani LT. Compartilhando práticas pedagógicas do circo na escola [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2018.; Duprat, 2007Duprat RM. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas para a Educação Física Escolar [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2007.; Gonçalves e Lavoura, 2011Gonçalves LL, Lavoura TN. O circo como conteúdo da cultura corporal na Educação Física escolar: possibilidades de prática pedagógica na perspectiva histórico-crítica. Rev Bras Ciênc Mov 2011;19(4):77-88. http://dx.doi.org/10.18511/rbcm.v19i4.3032.
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; Ontañón Barragán, 2016Ontañón Barragán TB. Circo na escola: por uma educação corporal, estética e artística [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2016.; Santos Rodrigues, 2018Santos Rodrigues G. Pedagogia das atividades circenses na Educação Física escolar: experiências da arte em escolas brasileiras de ensino fundamental [dissertação]. Campinas:Universidade Estadual de Campinas; 2018. http://dx.doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2018.1101162.
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; Oliveira et al., 2022Oliveira FD, Dias DI, Godoy LB, Zaim-de-Melo R. Circo nas aulas de Educação Física: para além do domínio motor. Motrivivência 2022;34(65):1-22. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2022.e83701.
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), mas também para a sua presença como atividade extracurricular (Chioda, 2018Chioda RA. Uma aventura da alegria e do risco: narrativas de um professor de educação física sobre o ensino das atividades circenses [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2018.; Melo, 2020Melo CC. Atividades circenses: compartilhando práticas pedagógicas no ensino extracurricular da escola básica [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2020.). Não obstante, os debates acerca dessa temática continuam a mostrar desafios, bem como a ressaltar as contribuições que o circo pode oferecer para esse contexto (Duprat e Bortoleto, 2007Duprat RM, Bortoleto MAC. Educação Física Escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Rev Bras Ciênc Esporte [Internet]. 2007 Jan [citado 2023 Mar 23];28(2):171-89. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/63
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; Ontañón Barragán, 2016Ontañón Barragán TB. Circo na escola: por uma educação corporal, estética e artística [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2016.; Sousa et al., 2019Sousa AJD, Moraes FF, Eda DMC, Silva LO. Limitações e formação docente para abordar a temática circense nas aulas de educação física. Cad Educ Fís Esporte 2019;17(1):129-37. http://dx.doi.org/10.36453/2318-5104.2019.v17.n1.p129.
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; Ribeiro et al., 2021Ribeiro CS, Cardani LT, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. O “não lugar” do circo na escola. Rev Port Educ 2021;34(1):246-63. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.16128.
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).

De modo particular, é nas aulas de Educação Física que o circo vem construindo as suas oportunidades na escola (Bortoleto, 2011Bortoleto MAC. Atividades circenses: notas sobre a pedagogia da educação corporal e estética. Cadernos de Formação RBCE [Internet]. 2011 Jul [citado 2022 Set 15];43-55. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277747022_Atividades_circenses_notas_sobre_a_pedagogia_da_educacao_corporal_e_estetica
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, 2014Bortoleto MAC. Atividades circenses. In: González FJ, Fensterseifer PE, organizadores. Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Editora Unijuí; 2014. p. 60-64.; Melo, 2020Melo CC. Atividades circenses: compartilhando práticas pedagógicas no ensino extracurricular da escola básica [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2020.; Ribeiro et al., 2021Ribeiro CS, Cardani LT, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. O “não lugar” do circo na escola. Rev Port Educ 2021;34(1):246-63. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.16128.
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; Santos Rodrigues, 2018Santos Rodrigues G. Pedagogia das atividades circenses na Educação Física escolar: experiências da arte em escolas brasileiras de ensino fundamental [dissertação]. Campinas:Universidade Estadual de Campinas; 2018. http://dx.doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2018.1101162.
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; Vendruscolo, 2009Vendruscolo CRP. O circo na escola. Rev Motriz [Internet]. 2009 Jul/Set [citado 2023 Jun 30];15(3):729-37. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2229/2543
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), embora não seja única forma de presença na Educação Básica (Santos Rodrigues et al., 2023Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC, Lopes DC. Circo na escola: educação e arte na Educação Básica. Urdimento 2023;1(46):1-27. http://dx.doi.org/10.5965/1414573101462023e0110.
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). Com efeito, na opinião de Zaim-de-Melo et al. (2020), aZaim-de-Melo R, Godoy LB, Braccialli F. Quando o nariz vermelho se encontra com a Educação Física: potencialidades do palhaço como conteúdo na escola. Motrivivência 2020;32(63):1-20. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2020e76909.
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atividade circense permite o aluno explorar um conjunto de saberes próprios à essa manifestação cultural, tocando contato com uma linguagem artística amplamente presente na sociedade brasileira. De algum modo, se advoga sobre a contribuição do circo na construção de um desenvolvimento integral e na renovação da Educação Física escolar (Bortoleto e Machado, 2003Bortoleto MAC, Machado G. Reflexões sobre o circo e a educação física. Rev Corpoconsciência [Internet]. 2003 Mai [citado 2023 Abr 20];7(2):39-69. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3923
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; Coasne e Loquet, 2015Coasne J, Loquet M. Enseigner les arts du cirque au collège: une dévolution artistique. eJRIEPS 2015;(36):5-34. http://dx.doi.org/10.4000/ejrieps.1362.
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; Duprat e Pérez Gallardo, 2010Duprat RM, Pérez Gallardo JS. Artes circenses no âmbito escolar. Ijuí: Editora Unijuí; 2010.; Fouchet, 2006Fouchet A. Las artes del circo: una aventura pedagógica. Buenos Aires: Stadium; 2006.; Invernó, 2003Invernó JC. Circo y Educación Física: otra forma de aprender. Barcelona: INDE Publicaciones; 2003.; Silva et al., 2016Silva DO, Souza A, Telles C, Krug HN, Kunz E. Atividade circense na escola: caminhos à organização didática a partir da concepção crítico-emancipatória. Licere 2016;19(1):306-26. http://dx.doi.org/10.35699/1981-3171.2016.1204.
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).

Com base na crescente literatura disponível, é possível dizer que o ensino das atividades circenses nas escolas tornou-se uma realidade em muitas instituições brasileiras (Munhoz e Ramos, 2008Munhoz JF, Ramos GNS. O circo nas aulas de educação física: sua aplicação em uma escola pública no estado de São Paulo. In: II Seminário de Estudos em Educação Física Escolar; 2008; São Carlos. Anais. São Carlos: CEEFE/UFSCAR; 2008. p. 255-92.; Oliveira et al., 2022Oliveira FD, Dias DI, Godoy LB, Zaim-de-Melo R. Circo nas aulas de Educação Física: para além do domínio motor. Motrivivência 2022;34(65):1-22. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2022.e83701.
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; Ribeiro et al., 2021Ribeiro CS, Cardani LT, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. O “não lugar” do circo na escola. Rev Port Educ 2021;34(1):246-63. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.16128.
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; Santos Rodrigues et al., 2021Santos Rodrigues G, Melo CC, Mazzeu TR, Bortoleto MAC. Atividades circenses na Educação Física escolar: análise sistemática da produção bibliográfica (2016-2020). Cad Educ Fís Esporte 2021;19(3):167-73. http://dx.doi.org/10.36453/cefe.2021.n3.27491.
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; Silva et al., 2016Silva DO, Souza A, Telles C, Krug HN, Kunz E. Atividade circense na escola: caminhos à organização didática a partir da concepção crítico-emancipatória. Licere 2016;19(1):306-26. http://dx.doi.org/10.35699/1981-3171.2016.1204.
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). E foi, inclusive, integrado em documentos públicos, como no Programa Segundo Tempo (Goyaz, 2005Goyaz M. A pedagogia da ginástica e suas manifestações lúdicas. In: Brasil. Ministério do Esporte, organizador. Manifestações dos esportes. Brasília: Universidade de Brasília; 2005. p. 75-82.), na proposta curricular dos estados do Paraná (2006Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Educação Física: Ensino Médio. 2. ed. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação; 2006., 2008Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da Educação Básica - Educação Física. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação; 2008.) e do Rio Grande do Sul (Ost et al., 2020Ost MA, Vianna M, Pereira GS. A arte circense e seu diálogo com a Educação Física: uma experiência no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Holos. 2020;6:1-13. https://doi.org/10.15628/holos.2020.9883.
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), na proposta do município de São José dos Campos (2023)São José dos Campos. Prefeitura Municipal. Circo na escola: mais de 600 alunos participam de aulas circenses [Internet]. São José dos Campos: Secretária de Educação e Cidadania; 2023 [citado 2023 Nov 3]. Disponível em: https://www.sjc.sp.gov.br/noticias/2023/agosto/25/circo-na-escola-mais-de-600-alunos-participam-de-aulas-circenses/
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no Estado de São Paulo, entre outras. Nesse sentido, de acordo com Santos Rodrigues et al. (2023), oSantos Rodrigues G, Bortoleto MAC, Lopes DC. Circo na escola: educação e arte na Educação Básica. Urdimento 2023;1(46):1-27. http://dx.doi.org/10.5965/1414573101462023e0110.
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ensino do circo nas escolas brasileiras ocorre de diversas maneiras, incluindo as apresentações artísticas, cursos, oficinas, palestras, projetos extracurriculares, disciplinas curriculares, conteúdo temático de disciplinas (Artes, Educação Física) e projetos escolares interdisciplinares.

Embora existam indicadores do crescimento nas experiências pedagógicas nesse campo específico, estudos recentes, como os de Cardani (2018)Cardani LT. Compartilhando práticas pedagógicas do circo na escola [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2018., Melo (2020)Melo CC. Atividades circenses: compartilhando práticas pedagógicas no ensino extracurricular da escola básica [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2020., Bortoleto et al. (2020)Bortoleto MAC, Ontañón Barragán T, Cardani LT, Funk A, Melo CC, Santos Rodrigues G. Gender participation and preference: a multiple-case study on teaching circus at PE in Brazilians schools. Front Educ 2020;5:572577. http://dx.doi.org/10.3389/feduc.2020.572577.
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e Magalhães et al. (2023)Magalhães YPF, Souza PAF, Godoy LB, Santos Rodrigues G, Zaim-de-Melo R. Tem palhaço na Educação Física escolar? Tem, sim senhor! Motrivivência 2023;35(66):1-19. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e93244.
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, tratam de alguns desafios que merecem atenção no sentido de explorar o potencial que o circo tem para a educação corporal, artística e estética, além de contextualizá-lo com respeito à sua abordagem no âmbito escolar. Dito de outro modo, como destaca Santos Rodrigues (2018, pSantos Rodrigues G. Pedagogia das atividades circenses na Educação Física escolar: experiências da arte em escolas brasileiras de ensino fundamental [dissertação]. Campinas:Universidade Estadual de Campinas; 2018. http://dx.doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2018.1101162.
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. 28) “[...] é preciso conhecer melhor o cotidiano das unidades escolares e relatar como o processo de incorporação da temática circense na Educação Física escolar que vem ocorrendo”.

Nesse sentido, Santos Rodrigues e Bortoleto (2022)Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. Tensionando as “boas práticas educativas”: críticas e alternativa. Rev Humanid Inov [Internet]. 2022 Ago [citado 2023 Mar 23];9(11):362-78. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/2353
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acreditam que a sistematização e o compartilhamento das experiências pedagógicas podem contribuir para um melhor embasamento teórico-metodológico, bem como para desvelar as diferenças entre as realidades escolares e, por conseguinte, auxiliar no desenho de estratégias didático-pedagógica a serem empregadas.

Considerando o exposto, o presente estudo investigou o ensino do circo na escola na perspectiva dos docentes responsáveis, de modo a destacar o perfil das escolas e dos professores, as temáticas/modalidades circenses abordadas, os desafios pedagógicos específicos e outros aspectos que compõem essa prática educacional.

MATERIAL E MÉTODO

O presente estudo consistiu numa pesquisa com método misto, combinando elementos de pesquisa qualitativa e quantitativa, com base numa perspectiva exploratória e descritiva (Creswell, 2007Creswell J. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed; 2007.; Marconi e Lakatos, 2003Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas; 2003.; Thomas et al., 2012Thomas JR, Nelson JK, Silverman SJ. Métodos de pesquisa em atividade física. 6. ed. Porto Alegre: Artmed Editora; 2012.). A pesquisa de campo foi realizada por um questionário semiestruturado composto por 30 perguntas, fechadas e abertas, disponibilizado publicamente entre o dia 20 de novembro de 2022 e 31 de dezembro de 2022.

O contato com os professores que ensinam circo em escolas foi realizado com base no método de amostragem “bola de neve virtual” (Vinuto, 2014Vinuto J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Tematicas 2014;22(44):203-20. http://dx.doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977.
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), utilizando uma cadeia de referências (Dewes, 2013Dewes JO. Amostragem em bola de neve e respondent-driven sampling: uma descrição dos métodos [monografia]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2013.) por meio de convites disponibilizados nas mídias sociais da pesquisadora, do Grupo de Pesquisa em Circo (Circus), bem como em outros grupos ou comunidades virtuais de professores de educação física e circo disponíveis em plataformas como Facebook e Instagram. O questionário foi enviado para 325 contatos por e-mail, facebook e/ou instagram, obtendo 82 respostas. O convite incluía um endereço eletrônico (link) para o acesso ao formulário (Google Forms®); uma breve explicação do estudo; e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme projeto aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE n. 59535422.2.0000.5404 - Parecer n. 5.656.371). Como critérios de inclusão para participação da pesquisa, indicados no convite e no questionário, tivemos: a) ter experiência de no mínimo12 meses no ensino do circo na escola; b) ter mais de 18 anos.

Como explica Vinuto (2014), oVinuto J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Tematicas 2014;22(44):203-20. http://dx.doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977.
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método “bola de neve” busca aumentar a participação na pesquisa através de indicações de participantes prévios, chamados de “sementes”. Nesse sentido, ao final do preenchimento do questionário, os respondentes eram convidados a indicar outros docentes que atendessem aos critérios de inclusão do estudo, visando ampliar a rede de participantes.

No caso dos dados quantitativos, foi criada uma planilha eletrônica no Microsoft Excel® para tabulação dos dados, categorizando informações pessoais, dados acadêmicos, e detalhes sobre as aulas de atividades circenses. A análise foi realizada por meio dos recursos da Estatística Descritiva (Santos e Garms, 2014Santos HT, Garms GMZ. Método autobiográfico e metodologia de narrativas: contribuições, especificidades e possibilidades para pesquisa e formação pessoal/profissional de professores. In: II Congresso Nacional de Professores; 2014 Abr 7-9; Águas de Lindoia. Anais. São Paulo: UNESP/PROGRAD; 2014. p. 4094-106.; Silva e Menezes, 2000Silva E, Menezes E. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis: UFSC/PPGEP/LED; 2000.). Com relação aos dados qualitativos, nos fundamentamos nos procedimentos da Análise de Conteúdo (Bardin, 2020Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. Coimbra: Edições 70; 2020.), analisando temáticas como sexo, localidade, formação acadêmico-profissional, experiência como professor/a, perfil da escola, modalidades circenses ensinadas, desafios e soluções pedagógicas.

RESULTADOS

Análise quantitativa

Em nosso questionário, nenhuma pergunta foi de caráter obrigatória, portanto, é possível observar discrepâncias em relação ao total de respostas obtidas em cada questão/tema.

A maioria dos respondentes 51 (63%) é do sexo feminino, com 30 (37%) do masculino e um participante que não respondeu. Esse perfil segue a tendência indicada por outros estudos (Soares e Bortoleto, 2011Soares DB, Bortoleto MAC. A prática do tecido circense nas academias de ginástica da cidade de Campinas-SP: o aluno, o professor e o proprietário. Rev Corpoconsciência [Internet]. 2011 Set [citado 2023 Mar 23];15(2):7-23. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3534
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; Falcade et al., 2023Falcade RC, Corrêa MC, Bortoleto MAC. Investigando a formação das professoras de modalidades aéreas de circo na região metropolitana de Campinas-SP. Motrivivência 2023;35(66):1-15. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e93540.
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), ainda que seja distinto a um panorama mais equilibrado relatado por Bortoleto et al. (2020)Bortoleto MAC, Ontañón Barragán T, Cardani LT, Funk A, Melo CC, Santos Rodrigues G. Gender participation and preference: a multiple-case study on teaching circus at PE in Brazilians schools. Front Educ 2020;5:572577. http://dx.doi.org/10.3389/feduc.2020.572577.
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.

A pesquisa abrangeu docentes de todas as regiões do Brasil, com destaque para a região Sudeste, localizados em 12 estados, como vemos nas 721 1 Dez docentes não responderam a essa pergunta. respostas dispostas na Tabela 1.

Tabela 1
Localidade de atuação dos participantes.

Entre os 81 professores respondentes da questão relativa à formação acadêmica, 79 (96,3%) relataram possuir o título de Ensino Superior completo e 2 (2,4%) o do Ensino Médio. Diferentes professores mencionaram que em algumas escolas particulares, para a atividades extracurriculares, não era exigida a formação de Ensino Superior completa. Não obstante, a ausência do tema (atividades circenses) durante a formação inicial foi indicada pela maioria dos respondentes, condição relatada previamente por Ontañón et al. (2012)Ontañón T, Duprat R, Bortoleto MA. Educação Física e atividades circenses: “o estado da arte”. Movimento 2012;18(2):149-68. http://dx.doi.org/10.22456/1982-8918.22960.
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, Duprat (2014)Duprat RM. Realidades e particularidades da formação do profissional circense no Brasil: rumo a uma formação técnica e superior [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2014. e Tucunduva (2015)Tucunduva BBP. O circo na formação inicial em educação física: inovações docentes, potencialidades circenses [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2015., especificamente no caso da Educação Física. Quando perguntados sobre a área de formação, das 76 respostas obtidas, 68 (89,5%) indicaram formação em Educação Física, 11 (14,5%) em pedagogia; 5 (6,6%) em teatro e 3 (3,9%) em dança.

Ao questionarmos sobre o perfil jurídico da escola, obtivemos 32 (39,5%) docentes que atuam em escolas municipais, 16 em escolas estaduais (19,8%) e 5 (6,2%) em escolas públicas federais [somando 53 no sistema público], e 31 (38,3%) em escolas privadas. Nesta pergunta foi permitido responder mais de uma opção, dada a frequente atuação dos docentes de diferentes escolas e sistemas educacionais.

Em consonância com Bortoleto (2023)Bortoleto MAC. A escola como locus: a quantas anda o ensino das atividades circenses? Ambiente Gest Desenvolv 2023;2023:160-71. http://dx.doi.org/10.24979/qy8g3x71.
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, diversos docentes relataram a influência das propostas pedagógicas governamentais (estaduais e/ou municipais), muitas vezes integrando-as ao conteúdo programático curricular. Nas instituições privadas, por outro lado, a dimensão mercadológica, colocando essa prática como uma forma de diferenciação das propostas educacionais, parece estar contribuindo na inclusão da temática (Melo et al., 2021Melo CC, Bortoleto MAC, Ontañón Barragán T. Risas, brincos y volteretas: la enseñanza del circo en la escuela como actividad extracurricular. Retos 2021;41:897-906. http://dx.doi.org/10.47197/retos.v42i0.86337.
http://dx.doi.org/10.47197/retos.v42i0.8...
).

A presente pesquisa mostra que mais da metade dos docentes, 53 (64,6%), aborda o circo nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Por outro lado, 31 professores (37,8%) ensinam na Educação Infantil, 29 (35,4%) nos anos finais do Ensino Fundamental, e 24 (29,3%) no Ensino Médio. Este resultado coincide com o indicado por Santos Rodrigues et al. (2021)Santos Rodrigues G, Melo CC, Mazzeu TR, Bortoleto MAC. Atividades circenses na Educação Física escolar: análise sistemática da produção bibliográfica (2016-2020). Cad Educ Fís Esporte 2021;19(3):167-73. http://dx.doi.org/10.36453/cefe.2021.n3.27491.
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, embora indique um notável aumento na Educação Infantil, como debatem Tengan e Bortoleto (2021)Tengan EYM, Bortoleto MAC. Vamos brincar de circo: corpo “em arte” na Educação Infantil. Prát Educ Mem Oralidades. 2021;3(2):e324656. http://dx.doi.org/10.47149/pemo.v3i2.4656.
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.

Sobre a regularidade do ensino, das 81 respostas, 68 (84%) disseram que atualmente ensinam atividades circenses no âmbito escolar. Outros 14 (16%) disseram ter ensinado, mas não realizam atualmente essa atividade, embora pretendam voltar a fazê-lo. Quando questionados sobre o tempo de atuação no ensino do circo na escola, 9 docentes (11,1%) indicaram menos de um ano, 15 docentes (17,3%) de 1 a 3 anos, 14 (17,3%) de 4 a 5 anos, e 43 docentes (53,1%) com mais de 6 anos de experiência. Percebe-se que o ensino do circo se deu na sua maioria pelas mãos de professores jovens sugerindo que precisamos atentar para esse aspecto visando aprofundar nossos conhecimentos sobre essas questões.

Observamos ainda que muitos professores possuem um tempo de experiência significativo com o ensino do circo na escola, como já havia notado Ontañón Barragán (2016)Ontañón Barragán TB. Circo na escola: por uma educação corporal, estética e artística [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2016., lidando com as dificuldades próprias do cotidiano escolar de forma persistente e desenvolvendo distintas estratégias para a manutenção dessa atividade. No entanto, essa experiência quando sistematizada e compartilhada, pode auxiliar outros docentes iniciantes com o ensino de circo na escola (Santos Rodrigues e Bortoleto, 2022Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. Tensionando as “boas práticas educativas”: críticas e alternativa. Rev Humanid Inov [Internet]. 2022 Ago [citado 2023 Mar 23];9(11):362-78. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/2353
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).

Quando indagados sobre o contato com o circo antes de tornar-se professor(a), obtivemos 60 respostas, das quais 21 (35%) assinalaram o primeiro contato na educação escolar bem como em academias e clubes; 20 (33,3%) professores responderam que o contato foi somente como espectadores. Importante mencionar que 14 (23,3%) professores reportaram o primeiro contato com o circo na graduação (formação inicial), em diferentes disciplinas e projetos de extensão, fato já apontado por estudos anteriores (Bortoleto e Miranda, 2018Bortoleto MAC, Miranda RCF. Não foi casualidade - o circo como opção profissional: entrevista com André Sabatino. Conexões 2018;16(3):395-408. http://dx.doi.org/10.20396/conex.v16i3.8652918.
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; Miranda, 2015Miranda RC. Do tecido à lona: as práticas circenses no tear da formação inicial em educação física [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2015.; Miranda e Ayoub, 2016Miranda RCF, Ayoub E. As práticas circenses no “tear” da formação inicial em educação física: novas tessituras para além da lona. Movimento 2016;22(1):187-98. http://dx.doi.org/10.22456/1982-8918.55179.
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; Tiaen, 2013Tiaen MS. As atividades circenses na formação continuada do professor de Educação Física [dissertação]. Corumbá: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; 2013.; Tucunduva, 2015Tucunduva BBP. O circo na formação inicial em educação física: inovações docentes, potencialidades circenses [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2015.). Uma professora (1,6%) respondeu que sim, mas não citou como, e outros 4 (6,6%) docentes disseram que não tiveram nenhum contato antes de decidirem ensinar em suas aulas.

Quanto à formação específica na área do circo, 58 (85,2%) respostas foram afirmativas. Estes professores mencionaram ter participado de oficinas, cursos básicos, projetos de extensão, workshops e convenções de malabares, mostrando o acesso por meio de diferentes oportunidades formativas (Ribeiro et al., 2021Ribeiro CS, Cardani LT, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. O “não lugar” do circo na escola. Rev Port Educ 2021;34(1):246-63. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.16128.
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). Por outro lado, 10 (14,8%) professores responderam que não realizaram nenhum curso específico na temática.

Quando questionamos como o ensino se dava na escola, das 67 respostas, 35 (52,2%) indicaram como uma disciplina curricular, 20 (29,9%) como conteúdo programático ou projeto de uma disciplina, 12 (17,9%) como atividade extracurricular, 7 (10,4%) como disciplina extracurricular somente para alunos da educação integral, e 3 (4,5%) como projeto interdisciplinar da escola.

Com relação às modalidades circenses abordadas, solicitamos que os docentes discriminam cada uma delas. Obtivemos assim, 229 registros (Tabela 2), dos 68 respondentes, agrupados posteriormente conforme a classificação proposta Duprat e Bortoleto (2007)Duprat RM, Bortoleto MAC. Educação Física Escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Rev Bras Ciênc Esporte [Internet]. 2007 Jan [citado 2023 Mar 23];28(2):171-89. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/63
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.

Tabela 2
Modalidade circenses ensinadas.

Os dados obtidos coincidem com os estudos de Bortoleto e Machado (2003)Bortoleto MAC, Machado G. Reflexões sobre o circo e a educação física. Rev Corpoconsciência [Internet]. 2003 Mai [citado 2023 Abr 20];7(2):39-69. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3923
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, Duprat e Bortoleto (2007)Duprat RM, Bortoleto MAC. Educação Física Escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Rev Bras Ciênc Esporte [Internet]. 2007 Jan [citado 2023 Mar 23];28(2):171-89. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/63
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
e Zanotto e Souza (2016)Zanotto L, Souza OM Jr. Atividades circenses na Educação Física: transformando a escola em picadeiro. Rev Corpoconsciência [Internet]. 2016 Dez [citado 2023 Mar 23];20(2):23-32. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/4308
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, que dizem que predominam nas práticas escolares o ensino das modalidades de “pequeno porte”, isto é, as que empregam equipamentos pequenos ou somente o corpo, facilitando a implementação na escola (Tengan e Bortoleto, 2021Tengan EYM, Bortoleto MAC. Vamos brincar de circo: corpo “em arte” na Educação Infantil. Prát Educ Mem Oralidades. 2021;3(2):e324656. http://dx.doi.org/10.47149/pemo.v3i2.4656.
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).

Como destacam Duprat e Bortoleto (2007)Duprat RM, Bortoleto MAC. Educação Física Escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Rev Bras Ciênc Esporte [Internet]. 2007 Jan [citado 2023 Mar 23];28(2):171-89. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/63
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
e Bortoleto (2011)Bortoleto MAC. Atividades circenses: notas sobre a pedagogia da educação corporal e estética. Cadernos de Formação RBCE [Internet]. 2011 Jul [citado 2022 Set 15];43-55. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277747022_Atividades_circenses_notas_sobre_a_pedagogia_da_educacao_corporal_e_estetica
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, algumas modalidades circenses são de difícil acesso e tematização na Educação Básica, seja pelo risco implícito na sua prática, ou pela dificuldade de aquisição e/ou manutenção. Assim sendo, perguntamos aos docentes se eles ensinam alguma modalidade de aéreo em suas aulas. Dentre os 68 docentes, 36 (52,9%) responderam que sim, e os outros 32 (47,1%) não ministram. Parece ser que a dificuldade de aquisição do material, instalação adequada, manutenção equipamento complementar de segurança (colchões), não impede o ensino dos aéreos, mas diminui a incidência (Ferreira et al., 2015Ferreira DL, Bortoleto MAC, Silva E. Segurança no circo: questão de prioridade. Jundiaí: Fontoura; 2015.; Nunes e Bortoleto, 2021Nunes JGB, Bortoleto MAC. Montando e desmontando: quem são e como atuam os riggers circenses? Arte Cena 2021;7(1):418-37. http://dx.doi.org/10.5216/ac.v7i1.68955.
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; Nunes et al., 2022Nunes JGB, Bortoleto MAC, Ferreira DL. Sobre o processo de planejamento e montagem de equipamentos para a prática das modalidades aéreas de circo. Incomum Rev [Internet]. 2022 [citado 2023 Jun 30];3(2):122-39. Disponível em: http://revistas.ifg.edu.br/incomum/article/view/1159
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).

Análise qualitativa

Conforme os estudos de Duprat (2007)Duprat RM. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas para a Educação Física Escolar [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2007., Cardani et al. (2017)Cardani LT, Ontañón Barragán T, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. Atividades circenses na escola: a prática dos professores da rede municipal de Campinas-SP. Rev Bras Ciênc Mov 2017;25(4):128-40. http://dx.doi.org/10.31501/rbcm.v25i4.7723.
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, Bortoleto (2023), eBortoleto MAC. A escola como locus: a quantas anda o ensino das atividades circenses? Ambiente Gest Desenvolv 2023;2023:160-71. http://dx.doi.org/10.24979/qy8g3x71.
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Lence e Selau (2023), aLence LFL, Selau B. Atividades circenses como objeto de ensino da Educação Física Escolar. Movimento 2023;29:e29019. http://dx.doi.org/10.22456/1982-8918.123072.
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introdução das atividades circenses na escola depende de uma série de aspectos, como infraestrutura, formação específica dos professores e suporte da gestão escolar.

Quanto às estratégias pedagógicas, os jogos circenses foram apontados como um importante recurso pedagógico, permitindo dialogar com outros saberes da área (Educação Física) e superar, por exemplo, a falta/escassez de materiais específicos, como também sugerem Oliveira et al. (2022)Oliveira FD, Dias DI, Godoy LB, Zaim-de-Melo R. Circo nas aulas de Educação Física: para além do domínio motor. Motrivivência 2022;34(65):1-22. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2022.e83701.
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.

A flexibilidade e criatividade pedagógico-didática dos professores foram destacadas, especialmente no que diz respeito à adaptação das atividades circenses aos diversos espaços, tanto internos quanto externos, e ao contexto escolar de um modo geral. Apesar da possibilidade de utilizar ou confeccionar artesanalmente materiais alternativos, o apoio institucional para a aquisição de materiais foi considerado importante pela maioria dos respondentes.

De forma mais específica, quando perguntados sobre desafios pedagógicos enfrentados em suas aulas, obtivemos enriquecedores comentários, como os seguintes:

Docente N17: Quantitativo de crianças muito alto nas aulas de Educação Física regular (30 ou 35 crianças); falta de materiais, equipamentos e espaço adequados.

Docente N26: Não ter tido formação sobre o conteúdo.

Docente N49: Conheço poucos materiais que demonstram o passa-a-passo do ensino das modalidades circense […].

Docente N54: Variação das pessoas que auxiliam nas aulas. É importante que quem for auxiliar compreenda cada etapa das atividades e tenha um conhecimento prévio sobre o corpo e desenvolvimento.

Docente N65: Sinto falta de recursos materiais e compreensão da equipe escolar para os benefícios de se trabalhar essas atividades na educação infantil.

Em contrapartida quando questionados sobre as principais soluções que ajudaram a superar esses desafios, obtivemos:

Docente N2: Faço uso da ludicidade como ferramenta de ensino.

Docente N9: Busquei as oportunidade de capacitações.

Docente N15: Desembolsar verba própria minha para comprar alguns materiais.

Docente N29: Realizo circuitos quando as atividades são mais tranquilas e quando apresentam um risco, ensino uma modalidade por vez.

Docente N33: Partindo de movimentos básicos em progressão; identificando alunos mais habilidosos que podem auxiliar demais colegas. Ensinar e enfatizar o movimento e segurança. Divisão dos alunos em grupos que podem se ajudar na prática.

Docente N50: A utilização das mídias sociais e de relatos dos alunos auxilia a superar problemas do apoio da escola.

Docente N63: Estudo contínuo e troca de experiências com colegas que possuem maior bagagem deste conteúdo.

Docente N68: Uso os meus próprios materiais [equipamentos].

Tratando de sistematizar o conjunto de respostas sobre a relação entre desafios e soluções pedagógicas, elaboramos a seguinte Tabela 3.

Tabela 3
Principais desafios e soluções pedagógicas.

Para Darido e Rangel (2005)Darido SC, Rangel ICA. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. muitos dos desafios acima indicados são comumente encontrados na educação física escolar, de modo que os autores recomendam investir em programas de formação continuada, além de rever a formação inicial, como também defendem Tucunduva (2015)Tucunduva BBP. O circo na formação inicial em educação física: inovações docentes, potencialidades circenses [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2015. e Miranda e Ayoub (2016)Miranda RCF, Ayoub E. As práticas circenses no “tear” da formação inicial em educação física: novas tessituras para além da lona. Movimento 2016;22(1):187-98. http://dx.doi.org/10.22456/1982-8918.55179.
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para o caso específico do ensino das atividades circenses. Metodologias ativas que incluam a participação dos alunos como co-responsáveis pelo processo de ensino, foram apontadas como viáveis pelos docentes investigados. A adaptação do ambiente escolar às condições e infraestrutura locais, o estabelecimento de parcerias com a comunidade e o foco na saúde e bem-estar dos alunos, com ênfase na importância das atividades físicas para uma vida saudável, foram argumentos indicados quanto à promoção desse tipo de atividade na educação escolar, como também o fazem Invernó (2003)Invernó JC. Circo y Educación Física: otra forma de aprender. Barcelona: INDE Publicaciones; 2003., Fouchet (2006)Fouchet A. Las artes del circo: una aventura pedagógica. Buenos Aires: Stadium; 2006., Duprat (2007)Duprat RM. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas para a Educação Física Escolar [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2007. e Coasne e Loquet (2015)Coasne J, Loquet M. Enseigner les arts du cirque au collège: une dévolution artistique. eJRIEPS 2015;(36):5-34. http://dx.doi.org/10.4000/ejrieps.1362.
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.

De modo geral, os resultados corroboram a indicação de Santos Rodrigues et al. (2023)Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC, Lopes DC. Circo na escola: educação e arte na Educação Básica. Urdimento 2023;1(46):1-27. http://dx.doi.org/10.5965/1414573101462023e0110.
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mostrando que, apesar das dificuldades que costumam acompanhar a implementação da temática no contexto escolar, é possível desenvolver o seu ensino e obter resultados que valorizam a educação física escolar e a atuação docente na instituição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o nosso mapeamento de docentes e escolas, notamos que o ensino das atividades circenses vem acontecendo majoritariamente na região sudeste, condição relatada em diversos outros estudos sistematizados por Bortoleto (2023)Bortoleto MAC. A escola como locus: a quantas anda o ensino das atividades circenses? Ambiente Gest Desenvolv 2023;2023:160-71. http://dx.doi.org/10.24979/qy8g3x71.
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. A maioria dos docentes são formados em Educação Física, ainda que essa não tenha sido uma condição para participar do estudo. Em relação ao perfil da escola, o ensino vem acontecendo tanto em escolas públicas como nas privadas.

Ficou evidente que o ensino é mais frequente nos anos iniciais do Ensino Fundamental (Santos Rodrigues et al., 2021Santos Rodrigues G, Melo CC, Mazzeu TR, Bortoleto MAC. Atividades circenses na Educação Física escolar: análise sistemática da produção bibliográfica (2016-2020). Cad Educ Fís Esporte 2021;19(3):167-73. http://dx.doi.org/10.36453/cefe.2021.n3.27491.
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), alcançando os demais segmentos, da educação infantil ao EJA, como comentado por Chioda (2018)Chioda RA. Uma aventura da alegria e do risco: narrativas de um professor de educação física sobre o ensino das atividades circenses [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2018.. O ensino curricular ocorre com mais frequência nas escolas públicas, fundamentalmente na disciplina de Educação Física, como indicado anteriormente por Takamori et al. (2010)Takamori FS, Bortoleto MAC, Liporoni MO, Palmen MJH, Cavallotti TD. Abrindo as portas para as atividades circenses na educação física escolar: um relato de experiência. Pensar Prát 2010;13(1):1-16. http://dx.doi.org/10.5216/rpp.v13i1.6729.
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. Nas escolas da rede privada às atividades tendem a acontecer no espaço extracurricular ou complementar, como discutem Cardani (2018)Cardani LT. Compartilhando práticas pedagógicas do circo na escola [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2018. e Melo (2020)Melo CC. Atividades circenses: compartilhando práticas pedagógicas no ensino extracurricular da escola básica [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2020..

De modo mais específico, as modalidades circenses de manipulação/malabares e acrobacia são mais comumente ensinadas, embora os equilíbrios de objetos e outras possibilidades apareçam mais que em estudos anteriores. Turmas numerosas e pouco acesso à formação inicial e continuada continuam sendo obstáculos importantes, embora os docentes tenham relatado diversas estratégias que vêm tornando o ensino viável no contexto escolar.

O presente estudo reforça que a quantidade de professores que ensinam as atividades circenses em escolas brasileiras vem crescendo, aspecto indicado na literatura como uma tendência há pelos menos duas décadas, sugerindo que outros esforços investigativos podem ajudar a conhecer mais práticas pedagógicas desenvolvidas nas diferentes regiões do país.

Em relação às modalidades circenses abordadas, nos deparamos com a predominância da manipulação de objetos e das acrobacias de solo, condição relatada por Duprat e Bortoleto (2007)Duprat RM, Bortoleto MAC. Educação Física Escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Rev Bras Ciênc Esporte [Internet]. 2007 Jan [citado 2023 Mar 23];28(2):171-89. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/63
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e Ontañón et al. (2012)Ontañón T, Duprat R, Bortoleto MA. Educação Física e atividades circenses: “o estado da arte”. Movimento 2012;18(2):149-68. http://dx.doi.org/10.22456/1982-8918.22960.
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. No entanto, notamos vários depoimentos sobre o ensino do palhaço (Zaim-de-Melo et al., 2020Zaim-de-Melo R, Godoy LB, Braccialli F. Quando o nariz vermelho se encontra com a Educação Física: potencialidades do palhaço como conteúdo na escola. Motrivivência 2020;32(63):1-20. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2020e76909.
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) e das modalidades de aéreos (Falcade et al., 2023Falcade RC, Corrêa MC, Bortoleto MAC. Investigando a formação das professoras de modalidades aéreas de circo na região metropolitana de Campinas-SP. Motrivivência 2023;35(66):1-15. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e93540.
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) indicando que, ainda que lentamente, há uma maior diversidade de modalidades nesse contexto. Nesse sentido, a escassa formação inicial, a falta de oportunidades de formação continuada, a limitada infraestrutura (espaço e equipamentos) e à falta de intercâmbio entre os profissionais parecem dificultar um trato mais amplo das atividades circenses, como recomenda Santos Rodrigues (2018)Santos Rodrigues G. Pedagogia das atividades circenses na Educação Física escolar: experiências da arte em escolas brasileiras de ensino fundamental [dissertação]. Campinas:Universidade Estadual de Campinas; 2018. http://dx.doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2018.1101162.
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após estudar escolas que consolidaram essa prática pedagógica.

Os relatos indicam que a implementação das atividades circenses foi motivada por diferentes razões: alguns docentes relataram as experiências na formação inicial, outros devido ao currículo da escola e, muitos, pela iniciativa própria dos docentes frequentemente inspirada na prática como “aluno de circo” em cursos livres (formação continuada). De forma gradativa e ainda com alguns empecilhos já mencionados, as atividades circenses se fazem presentes na educação básica, revelando um cenário encorajador e que requer outros esforços investigativos e formativos, mas que não podem ser ignorados pela área, como advogam Ribeiro et al. (2021)Ribeiro CS, Cardani LT, Santos Rodrigues G, Bortoleto MAC. O “não lugar” do circo na escola. Rev Port Educ 2021;34(1):246-63. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.16128.
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.

Por fim, notamos que a localização e o engajamento dos docentes como colaboradores da pesquisa segue sendo um desafio. Muitos docentes relatam sobrecarga de trabalho ou falta de tempo, o que nos parece legítimo e nos leva a refletir sobre futuros métodos de investigação bem como adotar parcerias que possam fortalecem os vínculos, oferecendo formação continuada, por exemplo, aos participantes do estudo. As dificuldades para encontrar e dialogar com docentes e escolas das regiões norte e nordeste parece ainda maior, ainda que tenhamos acessado distintas redes de apoio, incluindo comunidades de docentes dessas regiões. Desse modo, entendemos que precisamos continuar investindo mais esforços para identificar e conhecer distintas realidades, pois é precisamente na diversidade que encontraremos experiências significativas que, em conjunto, poderão contribuir para o encorajamento de outros docentes. Entendemos que novas pesquisas sobre a implementação e manutenção do ensino aulas de atividades circenses na escola sejam realizadas no futuro.

  • 1
    Dez docentes não responderam a essa pergunta.
  • FINANCIAMENTO

    O presente trabalho contou com apoio financeiro parcial, por meio de bolsa de pesquisa do CNPq.

REFERÊNCIAS

  • Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. Coimbra: Edições 70; 2020.
  • Bortoleto MAC, Machado G. Reflexões sobre o circo e a educação física. Rev Corpoconsciência [Internet]. 2003 Mai [citado 2023 Abr 20];7(2):39-69. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3923
    » https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3923
  • Bortoleto MAC, Miranda RCF. Não foi casualidade - o circo como opção profissional: entrevista com André Sabatino. Conexões 2018;16(3):395-408. http://dx.doi.org/10.20396/conex.v16i3.8652918
    » http://dx.doi.org/10.20396/conex.v16i3.8652918
  • Bortoleto MAC, Ontañón Barragán T, Cardani LT, Funk A, Melo CC, Santos Rodrigues G. Gender participation and preference: a multiple-case study on teaching circus at PE in Brazilians schools. Front Educ 2020;5:572577. http://dx.doi.org/10.3389/feduc.2020.572577
    » http://dx.doi.org/10.3389/feduc.2020.572577
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    03 Nov 2023
  • Aceito
    03 Jan 2024
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