Importância das famílias nos cuidados de enfermagem às pessoas com transtornos mentais: atitudes de enfermeiros portugueses e brasileiros

Nóbrega, Maria do Perpétuo Socorro Sousa; Fernandes, Carla Sílvia Neves da Nova; Angelo, Margareth; Chaves, Suellen Cristina da Silva

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Revista da Escola de Enfermagem da USP

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Sumário

Artigo Original • Rev. esc. enferm. USP 54 • 2020 • https://doi.org/10.1590/S1980-220X2018045603594 copiar

Importância das famílias nos cuidados de enfermagem às pessoas com transtornos mentais: atitudes de enfermeiros portugueses e brasileiros

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo:

Caracterizar e comparar as atitudes dos enfermeiros que atuam em cuidados de saúde primários sobre a importância de envolver as famílias da pessoa com transtorno mental nos cuidados de enfermagem.

Método:

Estudo transversal, realizado nas cidades de Porto e São Paulo. Dados coletados em 2018 por meio da escala “A Importância das Famílias nos Cuidados de Enfermagem - Atitudes dos Enfermeiros”.

Resultados:

Participaram 250 enfermeiros Portugueses e 250 Brasileiros. A pontuação média total da escala obteve um escore 86,0 em Portugal e 82,1 no Brasil (máximo possível 104). As variáveis que influenciam uma atitude mais favorável em relação ao envolvimento das famílias na assistência de enfermagem no contexto português são as habilitações acadêmicas e idade, enquanto no brasileiro são a formação sobre Enfermagem de Família e a carga semanal de trabalho.

Conclusão:

Em ambos os países os participantes têm uma atitude positiva para com as famílias, o que constitui uma primeira etapa para a integração destas nos cuidados de enfermagem e também possibilita avanços na política de saúde mental.

Descritores:
Transtornos Mentais; Enfermagem Familiar; Enfermagem de Atenção Primária; Enfermagem Psiquiátrica; Cuidadores

Variáveis	Portugal (n=250)				Brasil (n=250)
Variáveis	N	%	Média	DP	N	%	Média	DP
Sexo
Masculino	43	17,2			36	14,4
Feminino	207	82,8			214	85,6
Idade (anos)			42,0	7,7			36,3	7,7
Estado civil
Solteiro	23	9,2			88	35,2
Casado	178	71,2			143	57,2
Sem casamento civil	23	9,2			-	-
Separado	3	1,2			2	0,8
Divorciado	20	8,0			-	-
Viúvo	3	1,2			17	6,8
Habilitações acadêmicas
Graduado/Licenciado	1	0,4			24	9,6
Licenciatura/Bacharelado	201	80,4			214	85,6
Mestrado	45	18,0			10	4,0
Doutorado	3	1,2			2	0,8
Tempo de formação
< 1 ano	5	2,0			2	0,8
1 a 5 anos	50	20,0			76	30,4
5 a 10 anos	33	13,2			98	39,2
10 a 20 anos	87	34,8			63	25,2
> a 20 anos	75	30,0			11	4,4
Tempo de atuação no atual serviço
< 1 ano	7	2,8			38	15,2
1 a 5 anos	50	20,0			107	42,8
5 a 10 anos	65	26,0			66	26,4
10 a 20 anos	91	36,4			33	13,2
> 20 anos	37	14,8			33 6	2,4
Carga de trabalho semanal
20 H	6	2,4			-	-
30 H	-	-			39	15,6
35 H	136	54,4			-	-
36 H	67	26,8			31	12,4
40 H	40	16,0			157	62,8
44 H	1	0,4			23	9,2
Formação em Enfermagem na Família
Não	61	24,4			91	36,4
Sim	189	75,6			159	63,6
Experiência com pessoas com transtornos mentais
Não	13	5,2			91	36,4
Sim	237	94,8			159	63,6
Frequência que se depara com pessoas com transtornos mentais
Diariamente	65	27,2			159	63,6
Semanalmente	82	34,3			76	30,4
Mensalmente	67	28,0			15	6,0
Ocasionalmente	25	10,5			-	-

Dimensão	Portugal (n=250)			Brasil (n=250)
Dimensão	Média	DP	Amplitude	Média	DP	Amplitude
Escala Total (26 itens)	86,0	9,3	61-104	82,1	8,4	40-101
Família como parceiro dialogante e recurso de coping (12 itens)	40,2	5,1	30-48	38,1	4,6	13-48
Família como recurso nos cuidados (10 itens)	33,5	3,8	21-40	31,9	3,7	14-40
Família como fardo (4 itens)	12,3	1,9	4-16	12,1	1,5	8-16

Escala e Subescalas	Variáveis	Portugal		Brasil
Escala e Subescalas	Variáveis	Correlação de Pearson	Significância	Correlação de Pearson	Significância
Escala IFCE-AE	Idade	0,152*	0,016	-0,182	0,004
	Hab. Acadêmicas	0,271**	0,000	0,043	0,501
	Tempo de Formação	0,192**	0,002	0,014	0,826
	Carga semanal de trabalho	-0,163**	0,010	0,215**	0,001
	Formação sobre enfermagem de Família	-0,009	0,887	0,160*	0,011
	Experiência com pessoas com TM	0,017	0,793	0,086	0,174
	Frequência que se depara com pessoas TM	-0,056	0,393	-0,198**	0,002
Família como parceiro dialogante e recurso de coping	Idade	0,146**	0,021	-0,131*	0,038
	Hab. Acadêmicas	0,227**	0,000	-0,001	0,981
	Tempo de Formação	0,169**	0,007	-0,003	0,906
	Carga semanal de trabalho	-0,138*	0,029	0,153*	0,015
	Formação sobre enfermagem de Família	-0,010	0,874	0,154*	0,015
	Experiência com pessoas com TM	0,034	0,589	0,109	0,086
	Frequência que se depara com pessoas TM	-0,087	0,488	-0,188**	0,003
Família como recurso nos cuidados	Idade	0,080	0,208	0,176**	0,005
	Hab. Acadêmicas	0,232**	0,000	0,0050	0,436
	Tempo de Formação	0,133*	0,036	0,041	0,518
	Carga semanal de trabalho	-0,137*	0,030	0,205**	0,001
	Formação sobre enfermagem de Família	0,014	0,825	-0,133*	0,036
	Experiência com pessoas com TM	0,029	0,643	0,071	0,261
	Frequência que se depara com pessoas TM	-0,075	0,245	-0,143*	0,024
Família como fardo	Idade	0,248**	0,000	-0,090	0,157
	Hab. Acadêmicas	0,116	0,068	0,010	0,870
	Tempo de Formação	0,268**	0,000	0,050	0,429
	Carga semanal de trabalho	-0,148*	0,019	0,125*	0,049
	Formação sobre enfermagem de Família	0,010	0,870	0,075	0,235
	Experiência com pessoas com TM	-0,055	0,387	0,082	0,196
	Frequência que se depara com pessoas TM	0,073	0,263	-0,087	0,169

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E-mail: reeusp@usp.br

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[1] Autor correspondente:
Maria do Perpétuo S. S. Nóbrega Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem, Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica. Av. Dr. Arnaldo, 419 CEP 05403-000 - São Paulo, SP, Brasil. perpetua.nobrega@usp.br