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O que fazer com a sexualidade adolescente? Antropologia das formas de governo no Brasil

Resumo

O artigo discute as formas de atuação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, no que concerne à chamada prevenção da “gravidez precoce”, analisando suas estratégias políticas, diretrizes de governo, iniciativas de diálogo com a sociedade civil e campanhas de mobilização do público ao qual se dirigem as ações do Estado. Nos interstícios da burocracia estatal, gestam-se modos peculiares de enfrentamento e de apagamento das sexualidades adolescentes, bem como das marcas de gênero que incidem em sua socialização, como dimensões constitutivas destes sujeitos, em prol de um ethos familiar idílico que se contrapõe às dimensões socioculturais, materiais e simbólicas, que integram as relações entre gerações no espaço doméstico. A infância e o autocuidado adquirem centralidade nos discursos governamentais, mobilizando estratégias conservadoras derivadas de um enfoque alarmista e restrito ao âmbito privado, ao eleger a família (cis)heteronormativa, e não as escolas, como lócus da educação em sexualidade.

Palavras-chave:
gravidez na adolescência; sexualidade; gênero; reprodução; família; Estado

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