Mais uma vez temos o prazer de apresentar um conjunto de trabalhos científicos que contribui para a Fonoaudiologia com importantes avanços científicos que poderão fundamentar avanços na pratica profissional. Os 12 artigos apresentados no presente fascículo estão distribuídos da seguinte forma: nove artigos originais, sendo três da área de audiologia, três da área de fala e linguagem, um da área de saúde coletiva, uma revisão sistemática, um artigo de Fonoaudiologia baseada em evidências, e três relatos de caso, sendo um da área de motricidade orofacial e dois da área de voz.

Na área de audiologia, o artigo de Murphy, Tsubota, Zachi, Ventura e Schochat, intitulado Influência da memória, atenção, QI e idade em testes de processamento auditivo temporal: estudo preliminar, estudou 15 participantes, entre 7 e 12 anos, e teve como objetivo investigar a existência de correlações entre o desempenho de crianças com desenvolvimento típico em testes temporais auditivos e medidas de memória, atenção, quociente intelectual e idade, e conclui que as habilidades temporais sofrem influência de diferentes fatores. Também na área de audiologia, o artigo Correlação entre as características da ressonância e o envelhecimento da orelha externa, de Roedas, de Oliveira, Lauris e Blasca, verificou a interferência das alterações anatômicas de orelha externa na ressonância do meato acústico em idosos, e concluiu que essas alterações influenciam na ressonância, diminuindo sua amplitude. O estudo Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico: valores de referência em relação à idade, de Rosa, Suzuki, Angrisani e Azevedo, estudou as latências absolutas das sondas I, III e V e os intervalos interpicos I-III, III-V e I-V do potencial evocado auditivo de tronco encefálico, obtidos em recém-nascidos pré-termo em relação à idade pós-conceptual e em recém-nascidos a termo e aos 6 meses de idade, concluindo que houve diminuição das latências estudadas com o aumento da idade e semelhança dos valores com a literatura internacional.

Na área de fala e linguagem, o artigo internacional Intensive non-avoidance group therapy with stutterer adults: preliminary results, de Georgieva, avaliou e documentou o uso e eficácia da terapia no grupo de tratamento intensivo para não evitação em adultos búlgaros que gaguejam; os achados preliminares deste estudo levaram à hipótese de que esse tratamento pode ser empregado com sucesso na população estudada. O artigo de Bento-Gaz e Befi-Lopes traduziu e adaptou o Clinical Evaluation of Language Functions - 4th editon (CELF-4) para o Português Brasileiro, e caracterizou a performance de linguagem da população estudada. O outro artigo da área, de Machado, Palladino e Cunha, adaptou o instrumento Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI), um questionário para pais de crianças de 3 a 7 anos, de fácil e rápida aplicação, com baixo custo.

Na área de saúde coletiva, Molini-Avejonas, Aboboreira, Couto e Samelli analisaram, no estudo Inserção e atuação da Fonoaudiologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, a estrutura dos NASFs; buscaram identificar o grau de satisfação dos fonoaudiólogos que atuam nessa área e compararam o modelo proposto pela portaria 154 do Ministério da Saúde com a prática fonoaudiológica, concluindo que a estrutura dos NASFs apresentou-se bastante variada em termos de número de Equipes de Saúde da Família, profissionais envolvidos e ações executadas, e que houve variabilidade significativa no grau de satisfação.

A revisão sistemática, intitulada Mensuração do ruído em salas de aula: revisão sistemática, de Fidêncio, Moret e Jacob, analisou as principais metodologias utilizadas para a mensuração do ruído em salas de aula e quais os níveis encontrados e concluiu que não há padronização quanto à metodologia que deve ser utilizada para a mensuração do ruído nesses locais.

O artigo sobre Fonoaudiologia Baseada em Evidências é uma revisão integrativa de Gama e Kümmer sobre as características comportamentais de crianças disfônicas, discutindo o perfil traçado e sua relação etiológica com o distúrbio vocal, procurando definir recomendações da importância da análise do comportamento infantil na avaliação vocal.

No relato de caso da área de motricidade orofacial, de Santos, de Fraga e Cardoso relataram o caso de uma paciente com Doença de Fahr, buscando descrever as principais alterações estomatognáticas e vocais que podem ser encontradas em indivíduos com essa doença, tais como dificuldades na coordenação e na sustentação muscular durante a fala e presença de disfagia orofaríngea.

O primeiro relato de caso da área de voz, de Godoy, Brasolotto, Berretin-Félix e Fernandes, intitulado Achados de neurorradiologia e voz no acidente vascular encefálico, descreve as características fonatórias de dez idosos acometidos por AVE e destaca que as manifestações vocais não dependem apenas da topografia da lesão, devendo-se considerar as individualidades de cada paciente no momento da avaliação clínica. Oliveira e Pinho apresentaram um caso raro de Amiotrofia Nevrálgica Estendida, com dados da avaliação e do tratamento bem sucedido.

O segundo fascículo de 2014 marca também um ano de uma mudança significativa no processo de editoração da CoDAS, com a contratação de uma casa publicadora, visando a profissionalização desse processo. Nesse período contamos com a imensa compreensão e a colaboração de muitos autores, revisores e leitores que apontaram falhas nos processos, dificuldades nas submissões e nos acessos e que, acima de tudo, compreenderam os indesejados desencontros e contribuíram para os ajustes necessários. Muitos desses ajustes ainda estão em processo e incluem o grande desafio representado pela mudança do sistema submission da SciELO para o ScholarOne da Manuscript Central. Agilidade e rapidez nas respostas tem sido uma meta desafiadora. Essa foi uma proposta inovadora da SciELO, que nós aceitamos e estamos desenvolvendo em conjunto, vencendo as dificuldades de trabalhar com uma nova plataforma. No sentido de ampliarmos nossa base editorial e para contar com maior envolvimento de destacados professores de outras instituições, a partir de janeiro de 2014 contamos também com a valiosa contribuição das colegas Ana Luiza Navas, Katia Flores Genaro e Roberta Gonçalves da Silva na posição de editoras executivas, compartilhando o dia-a-dia das atividades de editoração e buscando formas de inovar e melhorar cada etapa do processo.

Outro aspecto importante envolvido nessas mudanças diz respeito à sustentabilidade da publicação, que tem a melhor indexação da Fonoaudiologia brasileira. Entendemos que cabe às sociedades científicas o fomento e o apoio ao desenvolvimento de nossa ciência, mas, como ex-presidentes da SBFa, compreendemos os desafios econômicos que se apresentam. Assim, consideramos fundamental compartilhar com os associados da SBFa a informação de que essas mudanças - trabalhosas, lentas e, às vezes, confusas - representaram também uma conquista na busca da eficiência econômica e da sustentabilidade dessa publicação.

A CoDAS é uma publicação fundamental para os programas de pós-graduação brasileiros, que têm demonstrado crescimento impressionante e produzido trabalhos de qualidade indiscutível e reconhecida por meio de citações em revistas internacionais. A participação ativa desses programas, com a submissão de trabalhos de alta qualidade é o recurso essencial para a continuidade do aperfeiçoamento dessa revista. Contudo, cabe-nos ainda destacar que outra contribuição relevante seria se todos os orientadores e alunos desses programas fossem associados da SBFa e participassem no desenvolvimento constante da sociedade científica da Fonoaudiologia brasileira. No presente momento, publicamos igualmente artigos de autores fonoaudiólogos sócios e não sócios, mas cabe a reflexão sobre a força que produziríamos se todos os participantes fossem membros da SBFa.

Associe-se. Aproxime-se da SUA sociedade científica!

Datas de Publicação