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O aprendizado crítico de Paulo Freire

RESENHA

O aprendizado crítico de Paulo Freire

Rubens Pedroso

Universidade Católia de Pernambuco

Freire, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo, Autores Associados & Cortez. 1984. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo). Cr$ 8.640.

O presente livro de Paulo Freire constitui-se numa palestra sobre a importância do ato de ler, uma comunicação sobre a relações da biblioteca popular e um artigo que expõe a experiência de alfabetização de adultos desenvolvida pelo autor e sua equipe em São Tomé e Príncipe (costa ocidental da África).

No primeiro artigo o autor nos coloca diante de uma relação dialética da leitura da palavra e a leitura do mundo, daí repensando sua inserção no mundo, na infância — "fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais". Basicamente, esse artigo se reporta a uma crítica sobre a necessidade de uma superação da visão mágica da palavra escrita, quando se insiste em vastas leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos.

O segundo artigo começa de forma reveladora da atuação da equipe e do autor-palestrante, que assim nos fala: "a compreensão crítica da alfabetização, que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda a compreensão crítica da biblioteca." A criação de uma biblioteca popular deve estar centrada na mesma linha crítico-democrática do processo de alfabetização; o desvelamento da falácia da neutralidade da educação deve se associar ao reconhecimento do direito que o povo tem de ser sujeito.

O terceiro artigo nos relata a experiência de um processo de alfabetização que se deu em São Tomé e Príncipe. O professor Paulo Freire, na condição de assessor dos citados governos, se coloca diante desse fato como sendo um político, pois está comprometido com o ato de educar, que é uma prática política.

Sobre o instrumento utilizado, os Cadernos de Cultura que vêm sendo usados pelos educandos como livros básicos, não são cartilhas nem manuais. São compostos de textos que levam o educando a ser sujeito participante do processo em que está inserido. Finalizando, colocamos um trecho de um dos cadernos: "Não podemos duvidar do que nossa prática nos ensina(...) Mas esse conhecimento que ganhamos de nossa prática não basta(...) Precisamos ir além dele. (...) Estudar é um dever revolucionário.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2012
  • Data do Fascículo
    1985
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