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EDITORIAL

Nair Fábio da Silva

O país vive uma grave crise econômica, política, moral e social, que repercute de torma dramática não só sobre as condições de vida e de trabalho, como também de saúde da grande maioria dos trabalhadores brasileiros, pois que saúde expressa as condições de vida.

O setor saúde, responsável pelo assistência à saúde da população, apresenta por sua vez, uma série de problemas como baixa produtividade, má qualidade dos serviços ofertados, insatisfação dos usuários e dos trabalhadores da saúde, entre outros - a nova velha crise da saúde.

Apesar das conquistas inscritas na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Saúde, ainda não ocorreram as necessárias mudanças no local onde a assistência à saúde é produzida e realizada, incluindo-se aí a assistência de enfermagem.

O que tem se observado é que a proposta de Sistema Único de Saúde, Distritalização, Municipalização, vem sendo implementada sem que haja mudanças no modelo assistencial hegemônico (clínico, individual, curativo), correndo o risco de ser esvaziada no seu conteúdo transformador e se constituir apenas em uma concepção burocrática do sistema.

Foi com essa preocupação que a ABEn, através da Comissão Permanente de Serviços de Enfermagem realizou na maioria dos Estados uma Oficina de Trabalho sobre o "Processo de Municipalização e a Prática da Enfermagem", que culminou com um momento idêntico a nível nacional no 43° CBEn em Curitiba.

No momento, o desafio que se impõe é participar do processo coletivo de construção de um modelo assistencial que seja capaz de realizar mudanças na prestação de cuidados à saúde da população, e desta forma, imprimir uma nova lógica na organização dos serviços de saúde.

Especificamente para a enfermagem, este desafio pressupõe superar o baixo impacto da assistência de enfermagem na saúde da população, o que se evidencia pela sua descontinuidade e fragmentação, baixa cobertura, iatrogenia, déficit crônico e má distribuição de recursos humanos, alta proporção de pessoal sem qualificação específica, falta de identidade e compreensão do seu objeto de trabalho.

Nesse sentido impõe-se pensar e implementar uma prática de enfermagem que se articule à organização do trabalho em saúde que dê conta do processo saúde/doença em sua dimensão coletiva.

Uma prática que pense a saúde além do atendimento às pessoas que demandam aos serviços, comprometida com a qualidade técnica e que vise a universalidade e a eqüidade da atenção. Uma prática, enfim, que rompa com o discurso idealizado da profissão e enfrente a contradição entre este e a realidade concreta.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1991
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